expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Os Sete {Parte II}


Enquanto você pensa que entende algo na eterna busca de si mesmo, eles te confundem e guiam por caminhos diferentes dos que você queria, não tão seguros mas com certeza, mais doces...
Mas quando eles já não existem para serem culpados por suas falhas, a quem você culpa?


***
Inveja


Na mansão dos 7 o clima era tenso, todos estavam apreensivos.
A Gula sentara-se em uma mesa e cercara-se de suas guloseimas devorando o máximo delas que conseguia, por minuto. A Avareza estava trancada em seu quarto sentada sob seu cofre de diamantes de olhos fixos na porta e murmurando incoerente e periodicamente que: “ninguém levará meus preciosos”. 

A Ira, que na verdade era ele, quebrava tudo aquilo em que colocasse as mãos, gritando que “a Luxuria é uma odiosa que fez por merecer e nele, ninguém encostava”. O Orgulho sentava-se calmamente em seu divã preto, enquanto observava com desdém o desespero de seus companheiros, afinal, em seu orgulho, ele não admitia que algo, ou alguém, pudesse algum dia vir a molestá-lo, seria muita ousadia, claro.

A Luxuria deitara-se em seu leito e adormecera após tomar várias doses de calmante, já que ela esta inconsolável. E a preguiça dormia tranqüila sob seu travesseiro de penas de ganso, murmurando que “ já não se pode dormir em paz nem mesmo em um universo paralelo, onde esse mundo vai parar”.

E a Inveja, bem, a Inveja que havia passado a noite jogando cartas com o mais próximo de uma amiga que um dia teria - a Morte - agora dirigia-se para seu delicioso dossel, onde um sono e confortos merecidos a aguardavam.

Mas, ao passar por um espelho no corredor dourado da mansão ela se deparou com uma visão traumática e perturbadora...


 

Sua linda pele de anjo estava cheia de furúnculos, seus olhos estavam brancos e vítreos, seus cabelos eram um chumaço no topo de sua cabeça, onde antes encontrava-se um coque exuberante, e seu corpo tinha o aspecto de uma caveira de tão magra.

Ela gritou e correu pela mansão brilhante e suas paredes de espelho que a torturavam, até a casa da morte para tirar-lhe satisfações do que “diabos acontecera” com seu “lindo e perfeito corpo”.

_Mas sobre que diabos é todo esse escândalo – perguntou a Morte por trás da porta fechada de sua mansão – clichê – gótica.

A Inveja quase riu, quase, quando viu o estado da ardilosa, afinal não é todo dia que se tem o privilégio de ver a morte em sua roupa de dormir calçando nada mais que pantufas de porquinhos cor-de-rosa.

_E então? – perguntou a Morte calmamente.

_Você não vê? – perguntou a Inveja aos soluços.

_O que deveria estar, supostamente, vendo? – prosseguiu a Infalível em sua típica voz fria e baixa, de braços cruzados e sobrancelhas arqueadas.

_Meu corpo! Meu rosto! Deformados! Destruídos! – gritou a Invejosa gesticulando freneticamente.
_Mas não há nada de errado com eles, parecem exatamente os mesmos para mim – retorquiu a outra 
dando de ombros.

_Como é que é? – perguntou a Inveja histérica.

_Você parece a mesma de sempre para mim.

_Não é possível...Só um minuto.

A Maldosa então sacou de seu bolso seu celular roxo cromado de ultima geração e discou.

_Orgulho querido, você pode vir aqui na Morte por um instante? – começou ela controlando-se para manter-se sob controle e não começar a gritar como uma chita maluca – Sim – respondeu ela desligando em seguida.

Em poucos minutos –que foram preenchidos por muito silencio por parte da Venenosa e da Sempre-esperada – o Orgulho encaminhava-se para a “Obscura e apavorante assassina da moda que faria os designers atuais do mundo todo remexer-se em suas covas” que era como ele sempre se referia a casa da Morte. Impaciente ele bateu na porta e iniciou sua batucada impaciente com o pé direito. Não demorou muito para que a morte aparecesse em seu vestido preto - estilo Morticia Adams – típico e sua cara de tédio e malicia costumeiras.

_Entre. – disse ela fazendo um amplo gesto, indicando o quanto achava aquilo ridículo.
Ele passou por ela dirigindo-se ao sofá onde se encontrava a Inveja.

_Jesus cristo, Maria e José! Você consegue estar pior que a Lux! Vou é manter distancia – dizendo isso ele se encaminhou a passos largos e rápidos em direção a mansão.

_Vê? – indagou a Venenosa através do choro.

_Sim. Acho que não vi a mudança porque sempre a vi como você realmente era, essencialmente falando, é claro – respondeu a Terrível sorrindo em sua maior demonstração de humor afro-descendente.

_ EU NÃO SOU FEIA! Sua mocréia! – gritou a inveja indignada.

E dizendo isso ela partiu correndo o mais rápido que podia para seu próprio quarto onde se trancou o resto do dia por vergonha, e adormeceu após horas derramando lágrimas que poderiam ser o suficiente para irrigar o Nordeste. Pois para ela, ficar feia era inconcebível e atualmente nem botox resolveria seu problema.

Na Terra naquele dia não houve cobiça, as pessoas viviam normalmente, mas já não havia o brilho da inveja em seus olhos e elas já não desejavam subir no emprego só para serem melhores que seus vizinhos, mas a mudança mais notável era, naturalmente, nas mulheres, pois elas não assistiam mais novelas invejando o corpo das atrizes e coisas do tipo.
E naquela noite, ninguém fez fofoca na Terra.

Comente com o Facebook:

Nenhum comentário:

Postar um comentário

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...