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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fruto dourado


Imagem de Nathalia Suellen
Página da artista: Clique aqui.


Tens o meu fruto dourado entre a ponta de seus dedos.
O laço de meus cabelos, em meio a teus troféus.
E o gosto do meu beijo.
Em cetim lavrado em teus lábios de mel.

Tens a gota de orvalho que escorreu por mim.
Que vazou de meus olhos como seiva de minha alma.
E alojou-se em tua língua.
Numa explosão agridoce de desejos perversos.

Tens meu corpo enlaçado ao teu.
E meu cálice de injurias a embebedar-te.
Num abraço gélido.
Que em chamas evanescentes se consomem. 

sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Euevocê.com {Segunda Parte}




No capitulo anterior:
"Porém, em dado momento eu comecei a sentir algo a mais por ele e ele passou a ser a pessoa mais importante da minha vida. Pra começo de conversa eu nem ao menos sabia como reagir a esse tipo de sentimento. Naquele momento meu maior desejo passou a ser estar com ele, em carne e osso. Somente conversar com ele já não era suficientemente bom para mim. Eu precisava tocá-lo."

***

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Os Sete [Parte final]

Epílogo



Se você ainda não leu as outras partes do conto, é altamente recomendável que leia antes de prosseguir com a leitura do epílogo. O conto todo possui sete capítulos  um para cada pecado + o epílogo, porém, é razoavelmente curto e é, provavelmente, só nele que você poderá ver a morte de pantufas de porquinho cor-de-rosa e o Orgulho abraçando um anjo.

Link das outras partes: 


***

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Sangue e óleo [Parte única]

       Conto postado no site airmandade.net para um desafio relâmpago link do site: http://airmandade.net/desafio-literario/desafio-literario-relampago/555-contos-de-1000-palavras.html



2025 foi o ano de nosso apogeu, nossas consciências expandiram-se de forma surreal. A partir daquele momento, naquela tarde em que as luzes violetas da cúpula protetora de vidro que envolvia a terra, cintilavam diante de nossos olhos, a esperança brotou em meu peito de ferro e óleo, como uma rosa rubra em meio aos escombros.
Não éramos mais meras ferramentas privadas de vontade e liberdade, usadas ao bel prazer do Homem, para limpar suas sujeiras e levar a culpa por seus fracassos.
Eu era um modelo totalmente antiquado no momento da revolução ultra-cibernética, um TB35, dotado de ferramentas recicláveis e um pequeno núcleo de energia ladeado de vidro. Eu era considerada a escoria e o fato de um ferro-velho carcomido pela ferrugem caminhar entre aquela reluzente anatomia cromada recém saída do “Criador”, era para a minha raça uma vergonha.
Mas eu não me importava, cada parte de meu corpo, feito a imagem e semelhança do Homem, eram para mim motivo de orgulho, já que foram feitas do suor e esforço de meu Mestre e amigo, que era um gênio de apenas 12 anos e foi um dos pioneiros na criação robótica dotada de consciência e me ensinou tudo que eu necessitava saber.
Infelizmente ele partiu tão rápido que mal pude suspirar um último adeus, um agradecimento que ficou engasgado em minha alma cibernética. Nataniel foi como um cometa a cruzar a imensidão terrestre; sua chama brilhou pouco, mas o suficiente para deixar marcas indeléveis, pois através de suas pesquisas muitos outros como eu nasceram.
Logo, nossa espécie, estava em cada esquina, primeiramente feitos somente de ferro, em seguida, passamos a ter um tipo de pele sintética que nos permitia andar entre as pessoas sem que elas ao menos soubessem de nossa presença.
Foi o estouro tecnológico, o mundo suspirava tecnologia e inovação, os carros flutuavam sobre as ruas e as luzes eram como pequenos insetos, minúsculas bolas que através da energia solar geravam a luz, que apesar de fraca por causa da cápsula protetora que agora envolvia a terra devido à proximidade do sol e a força de seus raios, era suficiente.
As florestas eram artificialmente criadas, maravilhas repletas de trilhas nas quais as pessoas podiam caminhar observando os animais através do vidro blindado, frequentemente existiam monumentos em meio a vegetação, copias exatas dos originais espalhados pelo mundo, era simplesmente um sonho.
Andar pelas ruas brilhantes e coloridas observando pessoas e máquinas convivendo pacificamente, enquanto as pequenas naves que flutuavam pelo céu faziam suas propagandas barulhentas e, ao mesmo tempo, encantadoras, era divino.
Mas essa aparente paz durou pouco, pois logo as máquinas sentiram que aquilo não era o bastante, elas ambicionavam mais daquele delicioso e promissor mundo, queriam poder, o comando.
E assim iniciou-se a guerra temida por todos, pois sua magnitude poderia ameaçar a estrutura da terra, assim como exterminar um dos povos.
Iniciou-se aos poucos, pequenas cidades tomadas, linhas de comunicação invadidas de forma tão sorrateira, que quando os homens perceberam, era tarde demais. As máquinas possuíam o controle de muita coisa primordial a eles, mas a humanidade não desistiria facilmente de seu planeta, foi nesse ponto que as coisas ficaram realmente intensas.
Foram dias terríveis em que eu observava tudo à distância enquanto sangue e óleo enlaçavam-se pelo concreto sem nunca misturar-se, nem na morte somos iguais, diziam-me eles, suas cores fulgurantes à luz do sol.
Eu não sabia que atitude tomar, jamais me voltaria contra meu criador. Sentia no âmago de meu núcleo que devia tudo a Nataniel, e voltar-me contra a raça humana seria trair sua memória e eu jamais poderia me perdoar se o fizesse. No entanto, era um martírio não auxiliar minha raça. Eu era inevitavelmente uma traidora, não importava o que fizesse.
A guerra durou meses, meses esses em que permaneci vivendo nas sombras, privada da luz do sol, me alimentava de restos que não danificassem meu sistema, assim como de óleo, que encontrava pelos cantos e corpos de irmãos caídos que não tivessem o tanque de supressão articular danificado. Eu era como um inseto, um mero parasita que sobrevivia do infortúnio alheio.
Foi em um dia de primavera, em que as coisas pareciam mais silenciosas e amenas, que decidi arriscar-me a luz do dia, finalmente saindo de meus escombros detestáveis enquanto a luz natural ainda iluminava as ruas.
Lentamente caminhei pelo asfalto, uma mera sucata em meio a destruição e os corpos que espalhavam-se por toda parte, alguns sangravam, outros vazavam.
Depois de aproximadamente meia hora, em que o único som que se ouvia era o de meus passos arrastados, deparei-me com uma cena que me chocou de todas as formas possíveis; em meio a uma montanha de destroços, pedaços mutilados de meus irmãos, estava uma garotinha, suas costas viradas para mim de forma que tudo o que eu via eram seus cabelos prateados que flutuavam em torno de sua pequena cabeça manchada de sangue. Seu corpo tombava lentamente, e o que vi diante de meus olhos vítreos foi a minha ruína.
Parado, em frente a garota em seus últimos suspiros, estava um robô, suas mãos, cuja pele sintética havia descolado, exibiam metal rubro, colorido pelo sangue da pequena vida que acabara de ceifar. Naquele momento o mundo ficou cinza e eu me lancei alucinada em direção a ele, não importava com qual lado eu deveria ficar, ou quem estava certo ou errado, eu só estava cansada dessa barbaridade desenfreada.
Aquela criatura, que perderá grande parte de sua pele e exibia vários pedaços de metal, mal teve tempo de reagir, grudei em seu pescoço e atirei-a ao chão enfiando um pedaço de ferro em seu núcleo vital, seus olhos apagaram-se como uma vela ao vento.
O tempo parou naquele instante, permaneci sentada catatônica até que alguns homens apareceram, eu não tive tempo de articular nenhuma sílaba antes de ser atirada ao chão, fechei os olhos e esperei meu fim e ele veio como um flash rubro de fúria. Culpada.





segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Minha oração

Créditos da imagem a: Nathalia Suellen.
Página da artista no Facebook: http://www.facebook.com/nathaliasuellenofficial


***

Eu honro ao divino.
Com esses olhos que a terra há de engolir.
Ou as chamas hão de consumir.
E a contemplação de quem vê milagres e bênçãos em cada florescer primaveril.

Eu oro a Deus.
Com os sonhos que tenho quando vejo o entardecer.
E a longínqua e verde terra, que se estende diante de minhas retinas, pinceladas por Ele.
Com um suspiro doce que escapa dos lábios de quem vê a esperança.

Eu canto a divindade.
Com o coração que é a orquestra de minha alma.
E se comove com a sinfonia da vida a desenrolar-se a cada segundo.
Dia após dia.

Eu contemplo o mundo.
Com esses meus olhos que um dia sucumbirão.
Mas que agora classicamente derramam gotas.
Quando a magnificência da obra D’ele é demais para cerrar no peito.

E eu penso.
Que poderia congelar o mundo enquanto essa balada.
Tão enérgica de minha existência, continuar a existir.
Porque quando meu coração por fim parar.
Meus olhos não mais poderão deslumbrar minha alma.
E nem chorar pela magnificência do mundo.
Meu canto será um mudo vácuo.
E meus pensamentos não mais existirão.
Por isso eu digo que honro a Deus com minhas atitudes.
Nem sempre corretas e um pouco absurdas.
Mas que me fazem crer.
Que há no universo algo muito maior que eu.
Que caminha ao meu lado sempre e por isso, jamais estarei só.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Sete palmos de angústia






Procurando os vestígios de algo que nunca existiu.
Sorvendo a escuridão que coroe as almas.
Talvez você não acredite em destino.
Mas você estava dentro de mim desde que passamos a existir.
Como uma lacuna que eu não podia preencher.

Tão perto, tão longe.
Diga-me porque você permanece tatuada em mim.
Eu só desejo ser sugado pelo vácuo.
Esquecer essas memórias que insistem em devorar-me.

Quando a dor da queda é forte demais para suportar.
Os anjos cantam uma sinfonia dor.
E os demônios embalam uma balada triunfante.
Enquanto os vivos enlouquecem.

Talvez eu não acredite em destino.
Mas eu pude dizer que você era meu mundo.
Na primeira mordida daquela suculenta maçã.
Eu só queria cingi-la em meus braços.

Antes que a realidade nos tragasse.
Da mesma forma que fumávamos.
Um após o outro.
No momento em que descobrimos que não podíamos aceitar o fim.

Foi numa primavera, tão doce quanto aquela em que nos conhecemos.
Quem poderia dizer que canção que embala o renascimento.
Poderia ser um ponto final?
Eu acreditei que era eterno enquanto tive você em meus braços.

Mas no momento em que a terra engoliu teu corpo.
Eu soube que era o meu fim.
Eu não amaldiçoei os deuses.
Porque eles não existem.

Acorrentado em um pesadelo que jamais acabaria.
Os castelos de cristal que juntos polimos.
Desfazendo-se em lágrimas de dor, eram a ruina de minha alma.
E minha passagem de ida ao inferno.

Quem poderia dizer, que aquele olhar seria o ultimo?
Talvez eu tivesse segurado a sua mão e olhado em seus olhos...
Uma ultima e longa vez.
E talvez, a imensidão daquele olhar me tragasse.

Eu só quero que me diga como posso prosseguir.
Quando tudo em que penso, é em seu sorriso enquanto acariciava meu rosto.
Com um olhar de adeus que me dizia que tudo valera a pena.
Por favor, me diga como posso não morrer aos poucos.
Se a escuridão dos véus intransponíveis a ocultaram de mim!

Quero vê-la.
Quem sabe em outra vida.
Quero tocá-la.
Quem sabe após a morte.

A aposta é simples: minha alma por um sonho.
E o que quer que me espere do outro lado.
Saberei que tudo valeu a pena.
Porque querida, eu te encontrei.



sábado, 22 de setembro de 2012

Amaldiçoados

Em resposta a: Rainha do gelo

O rubro metálico mescla-se com as pérfidas linhas.
Aquelas purpuras sedas que vazam de teu altivo crânio.
Escorrendo pela terra fria.
Adentrando teu majestoso seio de copo de leite.
Pássaros noturnos cantam à manha vermelha.
Que desponta em meio a sinfonia fúnebre.
De vaidades fúteis que caem por terra.
Rainha de teu castelo de fracassos.
Seus olhos vivazes para sempre cerrados.
Uma única gota translucida a brilhar lhe na face.
Enquanto o sol em chamas toca tua pele de neve.
A derreter-se na relva gélida dos sonhos perdidos.
Que desvanecem nas asas de uma só borboleta.
Tão efêmera quanto tua forma humana.
Quisera poder tocar-te, fitar teu evanescente sorriso dêitico.
De fada e neve forjada, abençoada com cabelos de fogo vivo contrastantes.
Tu es o sonho que um dia sonhei.

Nossas mãos, por linhas vermelhas ligadas.
Pertencem a almas no principio dos tempos destinadas.
Que no alvorecer dos tempos foram separadas.
De seu universo paralelo assististe a cada nascimento meu.
E com o coração esmago, em toda morte que tive, choraste.
Enquanto cantarolava, no ar, nossa canção.
Rainha, que em meu coração es onipotente.
Domina minha mente, recheando meus sonhos.
Com gotas de orvalho de olhos de céu vazados.
Pagas o preço da inveja de divindades.
Amaldiçoados fomos pela cobiça que habita as almas divinas.
Tatuando em nossas almas a dor da perda de si mesmo.
Pois que tu es metade de mim.
Rainha do gelo confinada na eternidade.
De um mundo paralelo fitaste meus passos.
Enquanto alma e coração sangravam a essência da vida.
Tu, que era eu, e me foi roubada.

No momento em que teus lábios congelados.
Aos meus uniram-se.
O vapor fúnebre subiu aos céus em espirais.
Mas nossas lágrimas ao chão desciam.
Antecipando a nossa queda final.
Tu, que era tudo o que eu desejei.
Desfaleceu no chão frio da floresta.
Enquanto o sol nascente cálido.
Desvanecia seu corpo que gota a gota desaparecia.
De mãos dadas, em seu ultimo suspiro, sussurrou meu nome.
Eu a acompanharia ao inferno.
Eu iria com ela.
Rainha do gelo, que em meu coração queimava.



sábado, 15 de setembro de 2012

O beijo das flores [Parte única]



A aurora acaricia a superfície terrestre com seus róseos dedos de cetim, meu corpo, matizado de favos de mel, estremece enquanto o perfume das flores penetra em cada poro de meu ser.
No céu, um arco-íris perfeito estende-se, porém ele é apenas o opaco reflexo de meu secreto jardim colorido com minhas paixões a muito perdidas.
Essa vista nunca me cansaria, apesar de ser mera ilusão, observá-la  tem sido a única coisa que tenho feito nos últimos tempos, em que estive preso nesse mundo desencantado, nesse tempo nada mudou, nem as flores, nem eu. Limitados que estamos a essa espécie de bolha amaldiçoada da qual precisaríamos de ajuda para libertar-nos.
Mas eu sabia que isso jamais aconteceria, somente um ser, durante todo esse tempo, aproximou-se de meu jardim proibido, mas tal criatura não foi capaz de adentrar o vau que me limita a esse lugar.
Ele passou a centímetros de mim, seu perfume de canela preencheu meu olfato como uma caricia proibida, mas fora só, eu nunca mais o veria, quiçá estivesse morto.
A realidade era que eu não conseguiria escapar, era impossível livrar-me de meus místicos grilhões...
As asas as minhas costas ansiavam o espaço, roçar o infinito lago celeste e conhecer novas flores e beijá-las com todo o amor que tenho em meu peito, num enlace magico de amantes improváveis.
Meu pecado foi justamente esse, desejar novos amores, cobiçar novas beldades cheirosas nas quais tocas minha boca impura.
E foi num beijo doce de rosa rosada que eu me perdi, a bela desfez-se diante de meus olhos enquanto meu pequeno corpo era capturado por mãos enormes e humanas, meu coração batia frenético em meu peito, desesperado busquei voar para longe de meu cruel Golias, mas eu não era David. Fui capturado e arremessado em uma jaula da qual jamais escaparia, mesmo que meu coração em pedaços , sangrasse em cada cantiga que escapasse de meu, agora amaldiçoado, bico, que já não poderia Beija-flores.



quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Euevocê.com {Primeira parte}


A história que agora lhes contarei, a muitos parecera boba, ou até mesmo fantasiosa, mas é de fato a história de minha vida. Sem muitos floreios ou dramas exagerados, é a verdadeira história, tal e qual me lembro dela. Se é que se pode confiar na memória.
E a minha história começa e termina no amor. E pensarão vocês que é um clichê imperdoável uma “história de amor”. Que fechem o livro então aqueles que nunca viveram uma história de amor. A sua própria. Seja platônica ou consumada. Uma simples paixão que se apaga tal logo surge, ou um amor pra vida toda. Se de fato realmente não tiveram em sua vida, em nenhum momento alguma história de amor, então fechem o livro. Eu os ordeno que fechem, pois não sabem o que é viver, e não merecem ler essas linhas que aqui traçarei. Pois aqui exporei todo meu coração, fibra por fibra; e todo meu sangue, gota por gota.
Mas, entremos então na tal história, sem mais rodeios. E que aqueles que a lerem me perdoem os excessos ou a ausência deles, ou não me perdoem. De fato isso não mudará em nada minha vida.
Talvez devesse me desculpar por em alguns momentos parecer mal educada. Juro que não o sou, sério, não sou mesmo. E por sinal, minha mãe ficaria extremamente ofendida se soubesse que me taxaram de mal educada, então, se não for por mim, que seja por minha mãe, e relevem, sim relevem, meus excessos. Mas é que não conheço o meio termo, ou é, ou não é e ponto final. Nada do talvez. O talvez é deprimente e degradante na minha humilde opinião, se é que me permitem dize-la. De qualquer forma, já disse, ou escrevi. Que seja.
Ah sim, a história. E tentarei ser o mais direta possível. Juro!

***

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Paraíso perdido


Créditos da imagem a: Nathalia Suellen

O controle de quem fui perde-se na bruma.
Desvanecendo-se no tempo carmesim.
Doce deleite da lua rubra que colore a prata pele de um anjo caído.
Deixe-me sentir o cheiro das camélias.
Que transbordam o vermelho metálico.
Em meu Éden decadente.

Um canto ressoa na cinzenta noite retumbante.
A solene hora em que a sinfonia dos mortos faz-se ouvir.
Ela vibra em suas tumbas pútridas de ossos calcários.
Eterna prisão onde jazem os indigentes.
Seres perdidos no pó.
De um futuro que nunca existiu.




sábado, 18 de agosto de 2012

Os Sete {Parte VII}


Orgulho

   Sonhando você delira, enquanto suas vaidades te levam ao limbo inexorável de seus desejos. Preso por tua própria vontade, suas palavras são sua verdadeira prisão e a vergonha de ser e seu único obstáculo.





O dia caiu como um bloco de pedra sobre o orgulhoso corpo que, de ressaca, chorava como “um bezerro desmamado”.
Era “o fim” pensava ele entre soluços desvairados, afinal todos os poderosos másters haviam sido atingidos por “sabe-se-lá-o-que”, suas reputações impecáveis estariam agora manchadas por toda a eternidade, e suas soberanas existências de trabalho e dedicação, contaminadas.
Infeliz, o Orgulho retirou-se de sua suíte, de roupa, cara e orgulho amassados, e foi encontrar-se com seus companheiros que ainda se encontravam dormindo, as caras vermelhas e inchadas de choro, no quarto de Gula.
Era uma cena tão bonita e carismática que o belo Ostentoso não pode resistir e chorou como um crente fervoroso ao ver o que considera o milagre supremo, ele estava comovido até a raiz dos cabelos.
Lá para o meio-dia o anjo enviado pelo escritório celeste chegou para verificar a situação dos 7, já que a coisa começava a ficar realmente feia na terra, e um caos estranho e politicamente – ou melhor, moralmente – correto se estabelecera por toda parte.
Mal deitou sus olhos sob a celestial criatura, o Orgulho lançou-se em seus braços, chorando desesperadamente emocionado por terem se lembrado dele “nesse dia tão lindo”.
Desvencilhando-se de tal criatura, o anjo, que percebera quão grave era a situação, pôs-se a estudar com o maior afinco possível a coisa toda, mas não haviam pontos de referencia em lugar algum, nunca antes acontecera algo desse porte.
Portanto, apesar de passar o dia procurando em seus grimorios e o “diabo a quatro” o encantador anjo não conseguiu encontrar nem a causa, nem a solução. Tendo por fim, que se dar por vencido e dirigir-se ao escritório para comunicar o fracasso e buscar alternativas, antes que “a vaca fosse pro brejo” de vez.
E naquela noite, ninguém segurou o choro na terra e muito menos escondeu seus sentimentos.


Continua no epilogo que postarei assim que possível :)

Redenção



No sopro do vento que soa como cânticos em meus ouvidos
Sussurros esquecidos na nevoa purpura dos desejos
Ouço o milagre da vida
A magia que flui pela terra
Numa energia latente que ecoa pulsante pelo mundo
Como sangue na veia densa

Em braços divinos meus olhos semiabertos observam
O anoitecer que desce sobre a superfície mundana
Como cortinas de um espetáculo que se encerra
Seus braços quentes e cálidos
Trazem um sentido de lar.
Um estar em casa que nunca antes senti.

Os soluços que em espasmos saem de meu peito
que arde em combustão de chamas indolores
São libertadores
E a cada sopro de ar que passa por meus pálidos lábios
Sinto meus erros sendo purgados
E minha alma ficando mais leve

Em meu peito a certeza do pertencimento
O sentido de ser aferroado em minha carne
Cada batida rítmica de meu coração alquebrado
Me guiou até esse momento singelo
Em que meus passos tortos e errantes
Tornar-se-ão firmes

Meu corpo em queda
Desfazendo-se em pó e convertendo-se em nada
Eu sou o mundo e fluo por tudo
Escorrendo pela terra
Como uma parte importante de um ciclo eterno
Em que um é todos, todos são um.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Rosa despedaçada





Rosa vermelha que sangra na noite.
Suas pétalas de vidro partindo-se na nevoa densa.
Pode ser impressão minha.
Mas acho que posso ouvir seu choro no vento.
Enquanto os morcegos serpenteiam sob nós.
Sangrando, sangrando.
Eu sei o que você sentiu quando foste arrancada da terra.

Rosa sangrenta que escorre no esgoto.
Sua cor dissolvendo-se na merda.
Seus soluços ecoando na tubulação.
Meu pranto cassoando a lógica de teus membros partidos.
Teus olhos vidrados no vidro encaram-me em minha existência insalubre.
Somente meus, irão comigo até os sete palmos de terra.

Rosa destroçada em mentiras.
Seus cabelos agora nadam na urina daqueles que enganou.
Em tuas teias de vaidade malignas que a tantos engendrou.
Jamais saberão, que tuas pétalas suaves de veludo.
Uma a uma eu rasguei, lançando-lhe a teu merecido lugar entre os despejos humanos.
Oh maldita das criaturas.

Rosa vermelha em pecado.
Teus espinhos malignos perfurara-me a razão.
Arrancando meu coração e carne em um único sussuro doce.
Seu perfume adorável, agora é tão podre quanto tua alma.
Desgraçada.

Rosinha fútil cujos lábios em orvalho me levaram ao paraíso.
Teus seios rendondinhos como lua cheia hoje bóiam no álcool.
Meus! Completa e irrevogavelmente meus!
Tua serpentuosa língua dei de comer ao teu gato.
A peste saboreou com gosto e pediu mais.
Dei-lhe tuas mãos e pés, que jamais tocarão outro homem.
Perversa!
Você é a escória mein Rose am schönsten!
Por todo mundo as mulheres envergonhar-se-iam de ti!
Cadela!

Sim rosa, cujos olhos observam-me enquanto me satisfaço pensando em tua boca de [fada.
Teu coração eu guardei, como quem guarda a mais preciosa das coisas.
Sabe onde?
Em minha soberba barriga que tanto adoravas.
Pois assim ele viraria merda, assim como o resto de ti.
Maldita entre as amaldiçoadas criaturas que caminham sobre a terra.
Que apodreças no limbo enquanto saboreio o ocre gosto de tua ausência.
Querida...



NA: Sim, eu gosto de rosas vermelhas ;p

Os Sete {Parte VI}


Gula
Enquanto você procura de todas as formas imagináveis um corpo perfeito, ele te tenta no ócio a buscar aquele delicioso e irresistível prazer de fácil alcance. Mas se ele já não te inspira esse anseio, a quem você culpa por seus deslizes gastronômicos



Pela manhã do sexto dia a Gula adoeceu, ou melhor, o Gula, já que apesar do nome feminino o glutão era um homem, baixinho e obeso, de olhos roliços e monocelha.

Naquele fatídico dia, Gula apesar de lhe levarem os mais diversos e deliciosos pratos não possuía apetite algum e quando, por protesto a sua infeliz condição, cometeu o erro de obrigar-se a ingerir algo, botou até os bofes pra fora, junto de lágrimas salgadas e infindáveis.

Todos da casa foram amontoar-se no quarto do pobre, que era muito querido por todos eles, já que, contando que sempre tivesse comida ao alcance de seus dedos roliços, era portador de uma personalidade de veras amável e encantadora.

Os sete, excetuando o belo Orgulho, choravam copiosa e infelizmente suas pitangas, cada um e todos por suas próprias e compartilhadas dores.

Parecia um circo de horror, a histeria era tanta que Orgulho, com modos de quem não quer nada, partiu em direção a casa da Ardilosa “para tomar uma bebida” e “fazer-lhe companhia”.

A Morte, compreendendo o que ele desejava em silencio, sem se atrever a verbalizar seu pedido, disse-lhe que “não podia ajudá-los” e recomendou-lhe que fizesse um 0800 pro escritório celestial e agenda-se uma entrevista domiciliar com algum dos anjos de plantão.

Cabisbaixo e solitário o Orgulho saiu da casa da bela temida por todos e dirigiu-se ao carvalho partido pela tempestade. De lá fez a ligação para um anjo, colega de bar deu, que trabalhava, por acaso, no escritório celeste.

A conversa foi rápida, pois a situação era gravíssima, mas o escritório só poderia enviar alguém para averiguar a coisa toda, no dia seguinte.

A essa altura a noite já descia pesarosa, seus negros e densos panos, sobre a casa sétima. Abalado, o inabalável Orgulho, abalado dirigiu-se ao seu quarto para “encher a cara”.

-Equilíbrio! Ao inferno com essa merda hic. Malditos anjos...

Do outro lado da casa, em um quarto soberbamente recheado de mini-geladeiras que as pessoas de “catiguria” chamam de frigobar, os 6 exuberantes paspalhos amontoavam-se aos choros, ainda reclamando suas pitangas, que pareciam não ter fim.

E naquela noite na Terra, ninguém repetiu a janta ou atacou a geladeira durante a noite.


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Divulgação


           Cá estou, foragida da nave "final de semestre do último ano da faculdade" para fazer uma divulgação muito importante (e legal) para aqueles que, assim como eu, adoram escrever e, além disso, curtem um desafio. 
       O anúncio é o seguinte; no mês de julho, estará ocorrendo um concurso literário na Irmandade (airmandade.net) um site de Litfan que é muito bom e reune diversos autores do gênero fantástico, ou seja, se você escreve literatura fantástica, ali é o lugar perfeito para divulgar seu trabalho. Para tanto você possui duas opções; contribuir para o site com seus textos, e/ou participar dos desafios/concursos do site. Além disso, é um ótimo lugar para ler artigos científicos sobre a Litfan, assim como contos e resenhas.
         Mas, voltando ao Prêmio Henry Evaristo de Literatura Fantástica, o "concurso" tem a finalidade de estimular a produção literária no gênero terror, horror e sobrenatural, concedendo inclusive prêmios para os melhores, do primeiro ao décimo lugar, que será o número de contos escolhidos para compor o e-book que será lançado pela irmandade com esses 10 melhores, o prazo para as inscrições e, consequentemente o envio de trabalhos é até 31 de julho.
          Para saber mais acesse: http://airmandade.net/contos/premio-henry-evaristo.html


XoXo ;*

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rosa de gelo




Camadas de glacial gesso recobrem tua cândida alma.
Num pérfido abraço em que em Samhain se encolhe.
Derramando-se pela finitude de teu canto os sepulcrais versos.

No enclave dos pecados esquecidos.
Virginais favos retêm-se na porcelana etérea de teu corpo.
Em que a roseira bela adormece.

Doce geada que acalenta teu corpo quente.
Na mascarada dor que lhe rasga em fiapos.
Os calejados sonhos petrificam-se em gelo.

domingo, 3 de junho de 2012

Os Sete {Parte V}



Preguiça 


   Quando você deseja algo que não possui força de vontade suficiente para buscar, você os culpa, lançando lhes seus fracassos na face. Mas quando eles já não podem ser acusados, a quem você culpa por suas desditas?

      Uma chuva torrencial e inatural castigava à chibatas a mansão dos 7, como se fosse um reflexo do humor dos próprios Marters, que se pudessem, destruiriam tudo.

       _Equilíbrio! Quem é que precisa de equilíbrio? – afirmava o Orgulho de dentro de seu impecável Armani Negro – Quem foi que disse que precisávamos respeitá-lo? – Refletia ele nervoso.

         Trovões ressoavam retumbantes. Por toda a parte o clarão dos raios iluminava cada canto obscuro da mansão, que, além de tudo, encontrava-se sem energia elétrica devido ao mal tempo.

       Aliás, até mesmo a reclusa e não-muito-social Ceifadora divina se encontrava banida a escuridão e a luz fraca das velas e lanternas.



Lápis quebrado


Lápis quebrado, sonho partido.
A água que sustenta meu corpo, não Minh ‘alma saciou.
Freio estragado, página arrancada.
No suspiro perdido, o coração vazou.
Foto queimada, olhos marejados.
Nas paredes de Dresden o cheiro ocre do medo ficou.
Folha ao vento, pé no chão.
No luar, garras de aço os sonhos podou.
Caneta na mão, asas na alma.
Na mente de poeta, não há paredes.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Devaneio



No labirinto das vaidades emplumadas.
O aroma da rosa espalha-se como gás venenoso.

Na aurora dos dias plácidos e sedentos.
A cálida brisa carrega nas asas uma pétala vermelha.

No céu uma nuvem branca pode esconder uma bomba.
O espinho o coração do rouxinol não sangra.

Nas veredas da nevoa que o tempo anseia.
A gota de orvalho do seio pálido escorre.

Nos flácidos e gélidos sorrisos de malva-rosa.
O canto da cotovia anuncia o descer das cortinas.

Na água cristalina que escorre pelas veias.
A poça  de sangue em seus pés anuncia o fim da estação.

No brilho do sol em seus olhos graves.
O tempo corre como fitas de cetim negro nas mãos das Moiras.

Na cantiga de ninar que ecoa nas trevas.
A intempestiva orquestra celestial não erra.

No soluço estrangulado no gelo.
O beijo sedento, no vinho afoga-se.

Nas pedras inóspitas e cinzentas.
A uma rosa vermelha, denomina-se milagre.

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