expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Onirismo dos bêbados

Imagem pertencente a Nathalia Suellen

Quero mergulhar num balde de tequila.
Afogar-me no etílico.
Inundar-me da oniricidade dos bêbados.
Flutuar no vazio nadificante que antecede os ocasos.

Sorver o agridoce sumo que escorre de ti.
Enlaçar com dedos ágeis o veludo de teu corpo.
Envolver-me na harmonia que emana de tua boca.
Ascender ao infinito e gritar de prazer.

Correr entre os unicórnios e beijar os beija-flores.
Cantar uma sinfonia que se espalha-se pela alma.
Como a calda de chocolate quente na língua.
E agarra-me a cada momento ao teu lado.

Olhar aqueles olhos negros.
Cair no abismo obscuro que são seus pensamentos.
Deitar-me nua na grama e segurar sua mão.
Enquanto no céu as estrelas giram



A chuva lá

Imagem retirada do Google Imagens, não sei a quem pertence.


A chuva lá
Batendo cá.
Na janela.
Na porta.
No peito 
Na alma.

A chuva lá.
Batendo cá.
Na pele tamborilando.
No coração purificando.
Lavando a incerteza.
Do desespero.

A chuva lá.
Batendo cá.
Escorrendo pela pele.
Gelando os ossos.
Diluvio de lágrimas.
Frias.

A chuva lá.
Batendo cá.
Dos olhos descendo.
Translúcida e benta.
Grito mudo que ecoa.
No rasgo na alma dos inocentes fracassados.

Falta pouco


Imagem pertencente a Nathalia Suellen


Falta pouco tempo.
Logo eu já nem lembro.
Da cor da tua pele, teu cheiro, teu corpo.
Teus olhos escuros, tua boca, teu gosto.

Falta pouco, muito pouco.
Em breve eu me esqueço.
Do som da tua voz, teu riso, teu toque.
Tuas bobeiras, teu beijo, teu sexo.

Falta pouco e eu te esqueço
Mas quando lembro da cor da tua pele, teu cheiro, teu corpo.
Teus olhos escuros, tua boca, teu gosto.
Vejo que falta muito.

Falta muito e eu nem sei.
Como faço pra esquecer desse som da tua voz, teu riso, teu toque.
Tuas bobeiras, teu beijo, teu sexo.
De verdade o que me falta, não é tempo, é você.

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Nuances



Duas nuances que colidem em uma união que transcende 
a lucidez da calma e dispara em bramidos alucinantes
em que o sangue bombeia pelo corpo como um louco
As chamas que não são sentidas incendeiam as pratas peles.

É um livro que divide-se em duas histórias sobre uma mesma pessoa.
Em que o meio e o fim encontram-se em um beijo cálido e único.
Era o crepúsculo que marcava um novo alvorecer que nunca aparecia.
A escuridão que antecede a luz, mas nunca termina.

Os grãos de areia que flutuavam lividamente pelo ar.
Caindo em decadência contavam o tempo
Esse tempo que ele tecia desvirtuava o conto.
Um conto que era sobre alguém que eu não pude esquecer.


Imagem retirada do google imagens.
Escrito em: 18/09/2013

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Eurus e Tália

Oh querida, ouça a minha alma e cuide do meu choro
Porque todo o meu choro pode inundar um oceano em meu coração
Banda Shaman

A pálida luz da aurora iluminava a prata pele daquele sonolento anjo. Adormecida nas nuvens, a minha amada musa repousava. Seus adoráveis olhos de corsa, cerrados contra a claridade ascendente, tremeluziam singelos. Os cabelos em esplendor trançados, eram como milhares de fios de cobre sedosos, caindo plácidos sobre aquela tez branca de neve.
Escondido em minha cinzenta nuvem de tempestade, a distância, eu a observava, enquanto ressonando intranquila a princesa de luz, em seus tormentosos sonhos me via. Seu sono encantado, por Morfeu ministrado, por minha odiosa presença que a tudo nublava era aos poucos perturbado.
A escuridão que se estendia sobre o céu a minha volta, com seus pérfidos dedos devassos, em sua face de ninfa faceira passeavam desejosos, pois ansiava àquela cálida criatura divina tocar, e com seus braços pútridos para o fundo do Tártaro consigo arrastar.
Com um aperto a retorcer o nefasto peito, e uma gota de chuva que dos olhos de fenda azul vazava, afastei-me daquela que amava. Um soluço mudo estrangulado a escapar-me dos lábios rubros de pecado. No silêncio, um relâmpago estrondosos e fulgurante, o céu que se escurecia recortou.
Enquanto de minha bem amada eu me afastava a palidez dos raios solares da manhã lentamente voltaram a banhar a sua pele de fada nua e um brilho rosado surgiu timidamente sobre sua face de anjo travesso e seus olhos de mel abriram-se lenta e vagarosamente,  derramando-se sobre mim como o mais cálido pôr-do-sol.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Na tempestade

Imagem da linda da Nathalia Suellen
Todos os direitos de imagem pertencem a mesma.



Quando minhas pequenas mãos ainda não podiam alcançar o armário superior da cozinha, e meus sonhos eram recheados de doces ilusões pueris, minha mãe costumava ler para mim antes de me por para dormir em minha cama de retalhos coloridos.
Na luz pálida e reduzida de um abajur, ela se sentava na beira da cama com um livro de capa dourada no colo e tecia sonhos com sua voz de fada, enquanto eu, de barriga para cima, observava as estrelas a resplandecerem em meu céu particular.
Eu nunca adormecia antes do fim da história, as cortinas de minha alma permaneciam abertas até o belo e sonoro “felizes para sempre” escapar como uma sinfonia angelical dos lábios de minha mãe.
Mas, em uma dessas noites - e essa é a lembrança mais marcante que tenho daquele tempo - decidi questiona-la.
No momento em que ela disse seu típico: “Durma bem, querida”, sorrindo cansada, e com os olhos verdes pequenos de sono. Ao invés de responder com: “Boa noite, mamãe” e virar para o lado e dormir, eu perguntei:
- Mamãe, será que um dia eu encontrarei um príncipe e viverei feliz para sempre? Ou ao menos um amor, tão forte quanto o deles...
Ela parou por um instante, surpreendida, uma ruga formando-se entre suas sobrancelhas arqueadas.
- Talvez - respondeu ela, seus olhos verdes brilhantes eram como esmeraldas a reluzir pela semi-escuridão do quarto.
- Eh?! Talvez?! - respondi decepcionada.
Seu riso divertido preencheu o quarto, as pequenas rugas sob seus olhos acentuavam o divertimento daquele rosto habituado aos risos simples.
- Ah querida, o amor é como uma espécie de milagre.
- Milagre? - perguntei assustada.
Aquela palavra que eu ainda não compreendia - e que o pastor vivia repetindo na igreja - ressoando em minhas pequenas orelhas rodeadas de fios negros como o cetim dos véus da morte.
- Isso, a chance de encontrar alguém a quem se ama e ser correspondido em meio a tantas pessoas pode ser considerado um grande milagre.
- Hum...
- Mas, tenho certeza que você vai encontrar, talvez não como você espera que seja, nem como você desejaria, mas um dia, tenho certeza, você vai encontrar o seu próprio milagre.
- Também posso ter um final feliz? - perguntei, os grandes olhos castanhos como os de meu pai, arregalados em espectativa.
Ela sorriu e disse: “Claro, agora durma meu amor.”
Naquele momento, no alto de minha sabedoria de 5 invernos, eu não pude perceber o significado daquele brilho que, por um ínfimo instante, refulgiu nos olhos dela. E aquela é a última lembrança que tenho de minha mãe.


***

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Gotas de sangue (Segunda parte)




No chão, o sangue derramava—se sobre o espelho partido, a garota nua em pé sobre ele tinha os cabelos negros como a noite eclipsada, de pés cortados, seus olhos fitavam algo que só ela via. Meneando a cabeça para os lados, ela observa amedrontada, o demônio que a encarava de volta.
Milhares de olhos vermelhos distorcidos que reluzem em pecado. Ela via naquelas feições o seu pior pesadelo, reconhecendo no reflexo o seu próprio rosto.
No canto do quarto a menina loira deu um último e sôfrego suspiro, enquanto o coração da figura em pé diante dela sangrava a descoberta do que realmente se transformara.
Virando-se lentamente para ver aquele adorável corpo, agora mutilado, respirar pela ultima vez. Aqueles adorados olhos castanhos perdiam o brilho.
Ela sentia como se uma grande corda estivesse amarrada em seu pescoço, logo abaixo das amídalas, enquanto assistia o quão longe fora por sangue.
_Kamillie – um único som articulado vazou daqueles lábios de fada, mas para Kamillie, era como se fosse uma oração inteira, que findava-se com um suspiro que retumbava “Culpada”.
O desejo pelo sangue ainda quente que vertia de Reibe inundava a mente dela como um gás toxico, venenosamente vermelho.
Vermelho.
Rubro.
Metálico.
Saborosamente morno.
Vermelho pulsante.
As presas afloraram dolorosamente da gengiva, o estomago urrava enquanto o coração gritava. A fera desperta arranhava a alma, mordendo com suas presas venenosas, dominando a mente da vampira com um desejo irracional.
Kamillie e Ava brigavam pelo controle dentro do mesmo corpo, mutilando-se psicologicamente em pequenos raios de tempestade.
Ava lançou-se sobre o corpo de Reibi, enquanto Kamillia soluçava silenciosamente a própria queda, em um canto afastado de sua própria mente, cada vez mais fraca, Kamillie fechou-se, trancando-se em uma fortaleza da qual não pretendia mais sair, ela perdera o controle de si para sempre.
Ava... Ava...
Os dentes desceram bestiais sobre a carne macia da jovem. A fera agora desperta, não reconhecia as lembranças, que, como espirros de sangue retumbavam na mente dupla, como as batidas de um coração.
...Dias ao sol no balanço de casa...
...Puxões de cabelo e pontapés diante da boneca ideal...
...Abraços apertados...
...O primeiro sutiã...
...O primeiro beijo, contado aos sussurros na casa da árvore...
...Lágrimas desmembradas...
...O distanciamento vazado em saudade...
...O soco inumano no estomago...
...Unhas negras rasgando a pele adorada...
...Kamillie...Kamillie...
Seu coração pulsava em grandes doses de culpa, sua alma escapando pelos poros em flagelos, enquanto Ava sugava o quente e saboroso sangue de sua melhor amiga, agora de olhos vítreos.
As memórias e as vontades mesclavam-se por trás da muralha de carne crua da besta, duas supernovas colidindo dentro da pele, os desejos nefastos que se enraizavam pela corrente sanguínea sufocavam Kamillie.
Kamillie... Kamillie...
Em um beijo áspero com gosto de metal, no infinito afogou-se, fechando-se em uma fortaleza inexpugnável da qual jamais sairia, ela perdera o controle de si para sempre.
Ava...




P.S; Novamente, imagem retirada do Google Imagens (sem referencias do criador(a) da imagem), caso o detentor de seus direitos autorais manifeste-se ficarei feliz em adicionar os devidos créditos ou retirar a imagem, conforme a vontade do mesmo.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Andarilho


Andarilho das noites de novembro. Desaguando no tempo que flui. Nos sonhos dos anjos que não podem voar. A canção dos desalentos que ecoam pelo ar. Uma doce noite de verão. Um belo conto desconhecido. Que teceríamos em noites como essa. E que estaria em nosso epitáfio invisível. Uma única frase perdida no cetim transcendental. Daqueles lábios que clamei como meus. Para além das areias que os ventos levam. Nossas almas em um mesmo novelo vermelho. Tatuagens da alma que o mundo não apaga. Linhas entre-tempos que desafiam os limites. De uma vida que se curva em redenção. Ao maior dos milagres.




P.S: Encontrei a imagem no Facebook, não sei a quem pertence, portanto, se o autor da imagem aparecer, imediatamente adiciono os créditos ou retiro, conforme a vontade do mesmo.

domingo, 30 de junho de 2013

Beltane



A chuva ascendendo sobre o berço das deidades imaculadas
A sonata encantada da harmonia pagã retumbando pela terra molhada
O barulho crescente dos tambores ribombando pela pele
No ritmo dos corações pulsantes dos filhos da Mãe

Os corpos movendo-se na escuridão tempestuosa que oculta
a chama que se acende no baixo ventre daqueles que movem-se 
no agridoce balanço, das ninfas que sobem e descem sobre os falos rijos
Na dança que os aproxima do infinito celeste

O fogo que nos montes brilhava em incandescentes labaredas
Exalando a fumaça e o cheiro de cinzas pela noite chuvosa
No vento, os gemidos cavalgam pela terra molhada
E os corpos sujos de lama enlaçam-se tornando-se um

A brisa cálida do alvorecer veraneiro acariciando as peles expostas
De seres que anseiam pela renovação de um ciclo
Uma nova era, em que a aurora morna anuncia
Um recomeço 



P.s: Não sei a quem pertence a imagem, caso o dono se manifeste, posso adicionar os devidos créditos ou retirar.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Filho do pecado



Era filho do pecado, mas eu o desejava.
Era cria da noite, mas eu o queria.
Era o fruto de meus pesadelos, mas com ele eu sonhava.
Era o veneno no meu sangue, mas eu não me importava.

Eu queria seu beijo, sua pele, seu corpo.
Eu queria seu sangue, sua saliva, seu gozo.
Eu o queria por inteiro, no peito, no colo, no útero.
Eu sentia-o em tudo, derretendo-me nele.

Esvaindo na bruma.
Conheci seus segredos mais profundos e sórdidos.
Gritando desvairada de prazer, luxuria e êxtase.
Eu gemia e tremia enquanto meu sangue se derramava pelo chão.

A dor era excruciante, inesquecível, intensa.
Sorrindo enquanto eu  sugava.
O liquido metálico e amargo.

Que me abriria os portões para o inferno. 

Euevocê.com (Quarta Parte)

        


             De certa forma eu estava certa, sobre a importância que aquele reencontro teria sobre minha vida, mas acho que nem em meus sonhos mais bizarros - em que unicórnios de crinas coloridas e fosforescentes atravessam o ar como grandes Pégasos de asas alvas... – eu poderia ter imaginado como esse conto se desenrolaria.
         Naquele tempo eu contava com meus 20 e tantos anos e cursava a faculdade, o mundo abria-se diante de mim, alargando meus horizontes e concedendo-me novas perspectivas. Obviamente isso também influenciava em minha personalidade, ao mesmo tempo em que a enxurrada de conhecimento que se derramava sobre minha consciência era boa, era também desnorteante.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Dama da neve

(Não sei a quem pertence a imagem x.x)

   
Era um lugar engraçado, onde nas noites de inverno a floresta branca e mórbida parecia iluminar-se com uma luz intensa e fluorescente que a fazia reluzir como a mais bela coisa que eu já havia visto. Aquela cena me encantara por 18 invernos e provavelmente sempre me deixaria extasiado, pois foi em uma dessas noites que eu a encontrei.
Ela estava vestida de luz e seus cabelos coloridos espalhavam-se a sua volta, luminosos em meio a neve que a encobria, seus lábios tornaram-se azulados, a cor da morte.
Eu não sabia que tipo de criatura ela era, seu cheiro era como o eucalipto fresco misturado com algo mais intenso e maravilhoso. Algo que eu desconhecia e  que, portanto, me fascinava.
Seus olhos cerrados, de cílios longos pontilhados de neve, tremeluziam como se ela estivesse sonhando, mergulhada em véus de Morfeu, embalada em cantigas de ninar que eu jamais conheceria.
Cingi seu esguio corpo vestido de nuvens de tempestade junto a mim, seu coração em orquestra solista, lentamente tamborilava uma penosa balada, e seus braços arrastavam-se pela neve deixando um rastro de serpente por onde passávamos, assim como seu vestido.
Carreguei-a por um longo tempo, enquanto uma tempestade formava-se no horizonte e aproximava-se, cada vez mais perigosa e próxima. Eu precisava encontrar um abrigo, a vida dela dependia disso.
Levei-a para uma caverna que em várias ocasiões me servira de abrigo e me protegera dos dedos frios e pálidos da dama de negro, que possui uma adaga prateada presa a cintura. Soltei-a no chão, sob um montículo de galhos e folhas que algum grande animal havia feito para manter-se aquecido, dias atrás.
A luz que descia multicolorida do céu, tocando a neve com dedos de fantasia iluminava o rosto daquela criatura grande talhada da mais pura porcelana. E como porcelana, ela claramente poderia quebrar mais facilmente do que aparentava, e sua pele, aquecer-se-ia com o toque.
Estirei-me a seu lado, colocando meu corpo junto ao seu para aquecê-la. Aquela criatura banhada em luz fluorescente me fascinava, eu poderia observá-la para sempre, enquanto a lua crescente brilhasse no firmamento.
Na claridade efervescente, vaga-lumes dançavam na noite, como se pequenos flocos do céu estivessem caindo e derramando-se sobre a neve cinzenta. Mas aquilo não me assustava. Aquela sempre fora minha época preferida do ano, pois o mundo parecia envolto em magia, e a magnitude dessa obra divina era mais perceptível em momentos como esse.
A ninfa de gelo mexeu-se suavemente abaixo de mim, seus pequenos lábios arroxeados abriram-se em um singelo som angustiado, seu corpo, coberto por uma fina camada de água, encolhera no tempo em que estive observando as luzes mutantes ascenderem na escuridão. Ela estava derretendo.
Desesperado, arrastei-a para fora da caverna. Do alto, a neve começou a cair, lentamente cobrindo tudo a nossa volta com pequenos flocos de esperança. Afastei-me para observar abismado, um brilho cinzento quase imperceptível rodeava seu corpo que lentamente se recompunha conforme a temperatura caia.
Eu queria permanecer ao lado dela, ser a primeira criatura que ela visse quando aquelas pestanas finalmente se abrissem para o mundo, não importando quanto tempo levasse.
Juntei todos os galhos e folhas que pude reunir e fiz uma espécie de ninho próximo a ela, para que pudesse observá-la enquanto navegasse pelas encantadas terras do mundo dos sonhos. Eu não queria adormecer, mas lentamente meus olhos foram fechando-se de cansaço.
Quando acordei um brilho palidamente dourado tingia tudo a minha volta, mas ela não estava mais lá. O formato de seu corpo ainda gravado na neve era o único vestígio de sua existência.
Em desespero procurei-a por toda parte, mas não havia qualquer sinal dela, eu a perdera pra sempre, a minha dama das neves, partira.



domingo, 28 de abril de 2013

Fadas



Eu vejo fadas serpenteando a escuridão eclipsal.
Desvanecendo na imensidão dos arcos do tempo.
Em seus pálidos e gélidos sorrisos de malva-rosa.
O canto da cotovia anuncia o descer das cortinas.
Flutuando na aurora de uma era que morre.

Observe o brilho fosforescente nesses olhos.
A insanidade crepuscular de um anjo em queda.
O grito agudo de uma alma que chora.
Enquanto os lábios descortinam um ato mecânico.
De um adeus inarticulado que reverbera na noite.

Nas areias movediças de contrastes que permeiam as almas.
Eram como vagalume perfurando o vasto nada.
Singelos fio de luz em um deserto árido de desilusões.
Macabro era o medo que incendiava suas vestes.
Naquela noite sangrenta em que as fadas partiram.

Nas mentes que moldam a realidade.
Não há espaço para doces fantasias e seres incompreensíveis.
Era o crepúsculo de uma realidade.
A morte do mundo harmonizado.
A ascensão de uma nova era, onde as fadas não podem pisar.



sexta-feira, 26 de abril de 2013

Perfume agridoce




Sinto o aroma daqueles dias, um perfume agridoce de juventude.
Temperado com pétalas de sua sabedoria precoce.
Um Werther da atualidade, sem sua Charlotte.
Um inconcluso ponto e virgula, em um mar de pontos finais.

Naquele tempo, eu acreditava poder resgatá-lo.
Em meu castelo de ilusões eu seria aquela que te resgataria.
Da areia movediça que ameaçava devorar tua alma.
Mas eu nunca pude ser a corda que te reconectaria ao mundo.

O conto que tecemos, do crepúsculo ao alvorecer de cada toque da Aurora.
É como um baú de fadas em que as páginas amontoam-se.
Em memórias, de um sentimento rosado, com mesclas escarlates e esmeraldianas.
De um sonho que jamais se concretizou.

Os fantasmas alquebrados de um passado repleto de cicatrizes.
Aprisionava-me em receios que dominavam a minha alma.
Eu não podia perdê-lo. Você era o futuro que eu almejava.
A rocha em meio as tempestades.

Em meio as lágrimas nas obscuras noites que me encobriam.
A linha vermelha que eu tanto desejava se rompia.
E meu amado encantado.
De mim foi levado.







Gotas de Sangue



Ela sentiu o vento roçando seus cabelos que se mesclavam com a escuridão mórbida, como se fizessem parte de um mesmo novelo de lã negra e grossa. O céu encoberto pela camada de poluição avermelhada que já era típica da capital paulista afastava as estrelas para um universo paralelo diferente, tão distante quanto a própria essência rústica e fluorescente de Kamillie.
Seus pés balançavam vagarosamente sob o infinito inóspito e luminoso daquela megalópole que ostentava um grande outdoor de esperança para aqueles que buscam um futuro novo, uma vida melhor, mas que era uma verdadeira teia de aranha para os sonhos, que acabavam enredados em mentiras e em paredes invisíveis de praticidade.
Kamillie segurava-se firmemente ao beiral da sacada do décimo andar de um prédio comercial qualquer, escolhido a esmo porque parecia ter uma boa vista da borbulhante massa de gente e concreto que trasbordava pelas ruas a todo tempo, como num verdadeiro formigueiro concretado.
Ela não tinha medo de cair, segurava-se as bordas de tudo como sempre fizera durante os singelos 25 anos de sua existência inútil, por costume, já que nunca fora capaz de mergulhar profundamente em nada, sempre permanecera no raso, onde seus pés podiam alcançar o chão ao menor sinal de perigo.
Mas no fundo ela ansiava a imensidão, o voo inconsequente e único, digno da libertação. Um ultimo grito de protesto contra as amarras e mordaças que a amordaçaram a vida toda impossibilitando-a de dizer o que pensava, impedindo-a de sentir. Sentia-se como uma escrava da vida, portadora de correntes invisíveis.
Kamillie sempre desejara o infinito, ansiando voar pela borda do mundo, caindo na neblina da imensidão transcendental. Mas por muito tempo ela receara a escuridão, refugiando-se nas luzes unilaterais que a consumiam sem tocá-la. Porém, ela nunca fora capaz de exalar luz, as luzes sempre tocavam sua pele sem adentrá-la, pois a escuridão dentro dela era maior que qualquer outra.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Futuro das águas


(Imagem encontrada no Google imagens, não sei a quem pertence, caso o dono da mesma veja a postagem e deseje que seja retirada, entre em contato comigo que será feito, imediatamente.)


Trepidas são as asas que em florescência despontam invisíveis de teu pequeno corpo.
Sua voz flutuando nas asas do vento como uma melódica sinfonia angelical.
Que em um solfejo cálido escorre sobre meu corpo banhado de corpos celestes.
Embriagado no encanto de teu corpo, minha Concubina envolta em láctea via.
Vejo o mundo passando em grandes flashes de cores difusas.
Seus olhos que em Minh ‘alma navegam, são a âncora que sustenta meu ser.

Em meio ao balanço luxuriante de teu corpo sobre o meu as estrelas incandescem no céu.
O orvalho gélido derramando-se sobre os recipientes de seres que transcendem a carne.
Como gotas de chuva num dia quente, refrigera as peles lavadas em desejo incandescente.
Dos corpos que em comunhão, na relva noturna se enlaçam.
Encaixando-se harmonicamente como partes de um único e primitivo ser.
Que desvanece na inconclusiva bruma que serpenteia o futuro das águas.

Pálida fada que em meus sonhos a melodia única com seus pés de ninfa traçava.
Conduzida pelas notas desencantadas de minhas ânsias profundas.
Despertando anseios tão obscuros quanto o auge do eclipse.
Era o ácido sonho que me consumia as horas que antecedem o ocaso.
Em pensamentos que me conduziam as memórias perpétuas.
Das lascivas noites em que a perolada lua, nossos corpos nus iluminou.


14/03/2013

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

CRÔNICAS: MEMÓRIA I


Memória de dois



 Imagem de Nathalia Suellen
Página da artista no Facebook: Clique aqui.
              
              Hoje, as lembranças são tudo o que me resta daquilo que um dia pude chamar de nós. Quando olho para a mesa com aquela marca de copo, imagino você sorvendo de apenas um trago sua água benta corrompida, Johnnie Walker; fumando seu cigarro com cheiro de canela; escutando aquela banda que somente você era capaz de gostar, naquele toca CD velho, que um dia comprei para você anos atrás, com aquelas notas amassadas que tinha no bolso, naquele ferro velho dos eletrônicos. Foram os tostões furados mais bem gastos da minha vida, pois eles me permitiram ver o sorriso mais lindo do universo direcionado a mim.
               Naquele tempo pensávamos e acreditávamos que nada no mundo poderia mudar o que sentíamos. Aquela cumplicidade de carne e alma. Parecíamos duas peças que se encaixavam deliciosamente uma com a outra. Conversávamos sobre tudo, tanto abaixo das estrelas, quanto acima. Éramos duas almas em ascensão, desvendando-se mutuamente em meio a um turbilhão de informações desconexas que eram as nossas vidas, havíamos encontrado uma ancora.
           Você era para mim aquele dia chuvoso e fresco no qual passamos metade do dia debaixo dos lençóis, tomando um chocolate quente, ouvindo uma boa música. Era assim que eu te amava. Era assim que eu me sentia sempre que estava em seus braços, mesmo que lá fora a temperatura fosse mais de 30 º e estivéssemos derretendo com aquele ventilador velho que nunca tínhamos dinheiro pra substituir, mas que também nunca nos deixou na mão, mesmo quando quase explodiu porque você acidentalmente chutou o botão “velocidade máxima” com muita força, naquele dia em que tivemos certeza que morreríamos de calor e por isso decidimos andar pelados pela casa e fizemos a festa do vinho gelado... Uma festa para dois que resultou em corpos exaustos e ressacas legendárias.
               O mais engraçado é que em meio a tantas lembranças eu não consigo lembrar exatamente a forma em que nos conhecemos, é como se você sempre tivesse estado ali comigo, me apoiando e recebendo a fúria de minhas TPM’s insanas... Recolhendo a toalha quando eu a esquecia no varal e queria ir lá fora pegar, assim, sem roupa, naquela nossa área que dava pra rua na qual sempre tinham crianças brincando.           Crianças que sempre nos faziam pensar em não ter filhos, porque elas eram simplesmente terríveis.
            Além disso, viviam tentando roubar o nosso anão de jardim em nosso jardim de concreto, no qual havia somente um vaso de flores lilases que eram originalmente minhas, mas que acabaram tornando-se suas, já que eu nunca tinha tempo para cuidar delas e mesmo quando tinha, eu acabava sentada naquela escrivaninha preta, que pintamos em um momento de loucura em um domingo ensolarado e tedioso, tomando um copo de vinho e escrevendo naquele velho computador branco, que travava mais do que funcionava e que me fez perder inúmeros contos, mas que era o único que tínhamos conseguido pagar com nossas bolsas de pesquisa da universidade.
           A universidade que acredito ter sido o nosso verdadeiro cupido, ela e aquelas várias doses de Contini Rose que tomamos naquela noite, depois daquela prova em que eu fui tão mal que queria esquecer que ela existiu. Porque foram aquelas doses que me permitiram libertar a borboleta vermelha que estava engasgada em meu corpo, agitando-se freneticamente para libertar-se e voar para as tuas mãos. E aquela que era pra ser uma das piores noites da minha vida, passou a ser uma das melhores, porque eu descobri que você queria ser meu player dois nesse jogo chamado vida.
           E não demorou muito para decidirmos juntar nossas tralhas e enfrentar a vida a dois de peito aberto... E carteira vazia. Lembro-me que nossa casa mal tinha moveis e que no começo nem cama tínhamos; somente um colchão de casal com um lençol vermelho e travesseiros brancos... Uma estante recheada de livros velhos e de fragrância própria, a maioria mais velhos do que nós, eram como nossos guardiães e testemunhas dos “crimes” e loucuras que se passavam dentro das paredes daquela casa, coisas que somente você e eu partilhávamos, um conto vivido por nós ao qual ninguém nunca teria acesso.
         Dizendo assim a vida parece que foi fácil, mas não foi, somente nós sabemos quantas lascas e cicatrizes surgiram em nossas almas durante o tempo que passamos juntos e o quão difíceis alguns momentos realmente foram, principalmente naquele verão em que a minha bolsa de estudos acabou e vivemos praticamente de vento e sem energia elétrica por vários dias. Tivemos inclusive que vender algumas coisas pela internet da sala de informática da faculdade. 
           Porém, eu acho que tudo valeu a pena. Cada segundo que passamos juntos em todos esses anos, inclusive as vezes em que brigamos, ou você soltou um pum e me prendeu pelos pulsos para não poder fugir do cheiro, valeram a pena. Porque foram esses momentos que constituíram quem somos hoje e transformaram a nossa relação nesse belo e brilhante diamante, que apesar de possuir algumas lascas faltando e ter umas rachaduras estranhas, é o maior legado que poderemos deixar para nossas memórias, pois ao final, é a isso que tudo se resume, um monte de lembranças que atesouramos com toda a nossa força, porque elas nos lembram quem um dia fomos e nos fazem ver que tudo valeu a pena. 
            Mesmo quando tudo o que resta é uma lápide de cimento, que não é nada além de algo para marcar que a criatura amada um dia existiu. E que a dor em meu peito ainda seja tão forte quanto no dia em que recebi a notícia do acidente e que eu soube que nunca mais poderia ver seus olhos castanhos sorridentes, contemplando a minha alma, daquela forma que só você podia fazer e me dizendo enquanto segurava em minhas mãos que sempre estaríamos juntos.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Euevocê.com (Terceira Parte)





A forma ou o lugar em que nos encontramos foi, no mínimo, interessante, já que era um lugar ao qual eu não havia colocado os pés em muito tempo. O mais estranho foi o fato de que não planejei ir aquele lugar, o mero acaso me levou até aquela lanchonete, do outro lado da cidade, que anos atrás havia sido o palco do termino de um garoto chamado Vinicius e uma menina tola, estranha e magrela.

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...