Oh querida, ouça a minha alma e cuide do meu choro
Porque todo o meu choro pode inundar um oceano em meu coração
Banda Shaman
A pálida luz da aurora iluminava a prata pele daquele sonolento anjo. Adormecida nas nuvens, a minha amada musa repousava. Seus adoráveis olhos de corsa, cerrados contra a claridade ascendente, tremeluziam singelos. Os cabelos em esplendor trançados, eram como milhares de fios de cobre sedosos, caindo plácidos sobre aquela tez branca de neve.
Escondido em minha cinzenta nuvem de tempestade, a distância, eu a observava, enquanto ressonando intranquila a princesa de luz, em seus tormentosos sonhos me via. Seu sono encantado, por Morfeu ministrado, por minha odiosa presença que a tudo nublava era aos poucos perturbado.
A escuridão que se estendia sobre o céu a minha volta, com seus pérfidos dedos devassos, em sua face de ninfa faceira passeavam desejosos, pois ansiava àquela cálida criatura divina tocar, e com seus braços pútridos para o fundo do Tártaro consigo arrastar.
Com um aperto a retorcer o nefasto peito, e uma gota de chuva que dos olhos de fenda azul vazava, afastei-me daquela que amava. Um soluço mudo estrangulado a escapar-me dos lábios rubros de pecado. No silêncio, um relâmpago estrondosos e fulgurante, o céu que se escurecia recortou.
Enquanto de minha bem amada eu me afastava a palidez dos raios solares da manhã lentamente voltaram a banhar a sua pele de fada nua e um brilho rosado surgiu timidamente sobre sua face de anjo travesso e seus olhos de mel abriram-se lenta e vagarosamente, derramando-se sobre mim como o mais cálido pôr-do-sol.