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terça-feira, 12 de julho de 2011

Rainha do gelo


De um mundo paralelo assisto a tudo.
Vejo as colinas, os prados e campinas.
As ruas, as rodovias e os prédios.
Vejo a fome, a doença e a miséria.

De meus olhos vítreos e singelos nada escapa.
Sentada em meu trono de cristal.
Sinto a dor e a tristeza da ausência.
Enquanto sigo teus passos através de minha janela de prata.

De face inabalável e coração quebrado.
Assisto a tudo, como um misero espectador de um mundo que não lhe [pertence.
Observo a tudo com os olhos de um estrangeiro.
Que largaria tudo para penetrar por esse véu.

De braços estendidos, tento tocar tua face.
Mas sei que ao meu toque tudo se dissolve.
E meu trono gelado me lembra do que sou.
Assim como o vidro pálido que não posso transpassar.

De desejo minhas entranhas se contorcem.
E a minha volta meu mundo se distorce.
Tudo aqui é tão etéreo e estéril.
Pois em meu mundo gelado só existe a dor.

De lábios entre abertos pronuncio a palavra.
Que supostamente derreteria o gelo.
Mas tudo continua da mesma forma.
E a distancia observo você sorrir, mas não pra mim, nunca pra mim.

De gelo e mármore fui feita.
Como estátua perfeita de uma era.
Em um mundo cercado por intransponíveis barreiras.
Rainha do gelo, orgulhosa e majestosa.

De coração partido e congelado.
Sei que nada que faça mudará quem sou.
E o fato de que estarei para sempre presa a um mundo paralelo.
Sendo uma mera espectadora de uma realidade que não lhe pertence.

12 de Julho de 2011













segunda-feira, 11 de julho de 2011

Se em meus sonhos



Se em meus sonhos delirando eu gritava.
E minha boca seca se lamentava.
Os véus pálidos, negros e desconhecidos eu temia.
Enquanto chorando eu me torturava.

Se no balanço incerto das ondas.
Teus soluços eu escutava.
Meus lábios trépidos por ti clamavam.
Mas teus ouvidos não me escutavam.

Se na noite escura sangrando eu te buscava.
Teu riso maquiavélico me castigava.
Enquanto flagelada, da noite eu retornava.

Se no tempo que escorre como o sangue puro pelas veias.
Meu amor por você deslizava como a areia na ampulheta eterna.
Lamentando você me buscava, pelos destroços insólitos do que de mim restou.





11 de Julho de 2011.

sábado, 2 de julho de 2011

Singularismo, ou pluralismo.

Na noite ilícita e densa que encobre toda a luxuria ardente.
Escorrem dos corpos o elixir da hipocrisia.
E a taça vai se enchendo;
da parte pútrida e condenável de cada um.
Singular e naturalmente hipócritas.
Vivemos nossas vidas fingindo ou pensando ser algo que  não somos.
Fingimos, fingimos, fingimos...
em um teatro comum, os personagens que alguém ditou.
Brincamos de sermos moralistas;
falsos moralistas.
Pois, no momento em que estamos a sós na fortaleza inalcançável de nossas mentes;
Mostramos quem realmente somos.
E as mascaras usadas para a vida em sociedade se esvaem...
Como a chama de um isqueiro que se apaga momentaneamente.
Confuso... todo ser carrega em si o mistério indesvendável de si mesmo.
E, as cegas, buscamos nos adaptar ao mundo.
Um mundo onde a singularidade é condenada.
Um mundo que a todo momento se contradiz.
E o errado e o certo, misturam-se numa mescla indivisível de cores.
Mas o certo e o errado é sempre tão relativo, tão singular...
Já que o que é certo pra um, pode ser errado para outro.
E em meio a insegurança.
O medo de não sermos aceitos nos reprime.
E deixamos nos levar pela maré incansável de seres.
Como uma manada, num pluralismo ilusório.
Em que o singular se perde como a nevoa pálida que encobre o inconsciente.
Onde sobrevivem os instintos há muito esquecidos, ou somente, reprimidos.


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