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sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vórtice: em meio a inconstância do querer (Parte IV)

Evelyn não sabia o que fazer, pois, se entregasse o casaco a Ethan, não haveria o que fazer, Henry veria a ferida recém aberta em seu pescoço e a denunciaria a todos, ela se sentia sufocar, tentando pensar o mais rapidamente possível em uma saída, que ela sabia, não encontraria  


***

O tempo parecia não existir mais enquanto Evelyn pensava, poucos segundos haviam passado, mas para ela parecia ser uma eternidade, ela se sentia sufocar, afundando em seu próprio desespero.
Virando-se para Ethan, ela empurrou seus longos cabelos vermelhos para o lado da mordida ainda fresca em sua pele alva, em seguida tirou o casaco dele vagarosamente como que atrasando o inevitável. Prendendo seus olhos nos dele, ela tentou transmitir naquele olhar toda sua gratidão e amor por ele, entregou-lhe seu casaco e suas mãos se tocaram por um breve momento.
Ethan sentia-se preso em amarras invisíveis que o impediam de fazer qualquer coisa para protege-la, ele era um prisioneiro das aparências, prisioneiro de seus próprios sentimentos, escravo de sua própria dor, a angustia por ter que entrega-la nas mãos do que lhe era prometido, e,  portanto, ele, Ethan odiava, era quase palpável.
Estendendo as mãos para Lorde Henry, Evelyn caminhou como se estivesse incrivelmente encantada com a perspectiva de estar na presença de seu prometido e noivo que ela mal conhecia, vestindo a mascara que fora treinada a usar, desempenhando o papel que lhe ensinaram, quem a visse nunca imaginaria que ela tremia por dentro, de medo de Henry, de si mesma, do que acontecera a pouco, de que alguém visse suas novas marcas escarlates...




Sua mente girava, enquanto ela caminhava de braços dados a Henry deixando para trás um Ethan totalmente descontente e frustrado.
Eles caminharam por um tempo sem dizer nada, em completo silencio somente suas respirações audíveis na brisa fria que envolvia a noite, tudo o que Evelyn pensava é que, graças aos Céus, sua ferida ficara do lado em que a sombra caia mais drasticamente sobre eles, tornando assim improvável que ele a visse.
Rapidamente eles chegaram em frente ao quarto em que Evelyn dormia com duas primas, não havia ninguém, somente uma vela acesa numa espécie de castiçal de vidro, para prevenir acidentes.
_Volto em um minuto Lorde Henry – disse ela já se esgueirando para dentro do quarto e fechando a porta.
O quarto possuía paredes de pedra como todo o resto do castelo/mansão, grandes cortinas vermelhas de veludo cobriam a janela, e uma cama de casal gigantesca com lençóis brancos se encontrava diretamente em frente a porta, Evelyn procurou com os outros o seu baú de roupas e o encontrou, ele era lindo, de madeira escura com entalhes de flores e ramos, além de ser espaçoso.
Abriu-o e tirou de lá um casaco de lã que comprara em uma cidade pela qual passaram na viagem, da qual ela não se lembrava do nome, e o vestiu, ao virar-se  para a porta, notou que Henry estava parado do lado de dentro observando-a com um olhar faminto.
Ela se sentiu sufocar de medo, não gostava do olhar que ele lhe dirigia, comendo com os olhos.
_Desculpe-me querido Lorde, mas, acho que é improprio entrar no quarto de uma dama sem sua permissão! – repreendi-o quando encontrei minha voz.
_Não quando ela é sua prometida e deve ser sua! – redarguiu ele rispidamente se aproximando de Evelyn com passos largos, seus olhos eram a visão da luxuria e do desejo.
_Prometida, não esposa, não ainda – respondeu ela tentando alcança-lo em meio a nevoa de desejo que o envolvia e traze-lo de volta a razão.
_Pare Evelyn! Como seu prometido eu ordeno que pare de se fazer de moça casta quando eu sei que você a muito tempo já não o é! – gritou-lhe ele, suas palavras foram como um tapa na cara dela, e ela cambaleou para trás, em puro choque.
_E-eu, não sei o que você está dizendo – disse ela sem forças para parecer convincente.
_Mentirosa! Falsa! Eu sei que agora mesmo você estava vindo se deitar com ele, seu amante imundo!
_Não! Isso é mentira!
_Negas então que deitastes com outro?
_Sim!
_Pois ambos sabemos que podemos facilmente descobrir isso.
Dizendo isso ele avançou para ela e segurou seu rosto em suas mãos.
_Não quero machuca-la, os deuses o sabem, mas eu a quero, desde o dia em que botei meus olhos em você, tão linda...Tão independente... Preciso faze-la minha!
_Ainda não somos casados!
_Ao diabo com o casamento, eu quero você e terei, você consentindo ou não, é claro que eu prefiro que consinta.
Ele acariciava seu rosto com dedos trêmulos e sua respiração estava entrecortada, seus rostos estavam muito próximos agora, ela podia sentir seu cheiro e seu hálito roçando nela como uma caricia proibida.
Vagarosamente ele aproximou mais ainda seus rostos e a beijou, o beijo era calma e delicado, o que a surpreendeu, mas rapidamente passou para algo desesperado, onde um queria mais do outro a cada instante.
Ela enlaçou-o com os braços, trazendo-o mais para si, ele desceu suas mãos até a sua saia, erguendo-a e colocando Evelyn sobre uma cômoda existente no quarto para que ela ficasse na altura certa.
Ela sabia que era errado, que não deveria, não podia, mas ela simplesmente não conseguia pensar com clareza com o corpo de Henry tão grudado ao dela e com sua boca a devorar a dela, mas em meio a nevoa de desejo que os envolvia, ela ouviu passos no corredor e ficou rígida, Henry também os ouviu, e estava tão tenso quanto ela, trocaram um olhar, enquanto ele se afastava dela e ela se arrumava para que nada em sua aparência denunciasse o que ela quase fizera, de novo, com outro, sua família morreria de vergonha e desgosto se soubesse.
Ela indicou a cama para ele, e ele fazendo cara feia se enfiou em meio aos penicos, felizmente vazios, e a poeira acumulada, ela quase riu com essa percepção, quase.
Os passos se aproximavam cada vez mais da porta do aposento, Evelyn ainda controlando a respiração que estava acelerada, se inclinou para seu próprio baú e fingiu procurar por algo.
A porta se abriu e ela olhou por cima do ombro, abençoando fervorosamente a boa alma que a impedira de cometer esse erro gravíssimo que destruiria não só o seu futuro, mas também a honra de sua família.
_Ah, olá Olga – disse ela, fingindo naturalidade.
_Oi Eve. O que faz ai? – perguntou Olga, ela tinha 15 anos, era loira dos olhos azuis, pele alguns tons mais escura que a de Evelyn, aproximadamente 1,65 de altura, magra e muito, muito bonita, comentava-se em toda a corte que pretendiam casa-la com Ethan, o que deixava Evelyn hipocritamente, furiosa.
_Procuro uma luva mais grossa, estou com frio, e você? – disse Evelyn mantendo um tom casual.
_Bem, você provavelmente achará estranho, mais Ethan me mandou ver se estava tudo bem com você. – respondeu Olga corando visivelmente.
_Oh, pode dizer a ele que estou sim.
_Eve, ele também pediu para leva-la comigo, a pedido de seu pai, segundo ele.
_Tudo bem, podemos ir, encontrei – dizendo isso, Evelyn ergueu as luvas que até agora segurara e se encaminhou para a porta, fazendo um esforço hercúleo para não olhar em direção a cama.
Evelyn e Olga dirigiram-se rapidamente ao grande salão de baile, que ainda estava lotado, papeando sobre coisas fúteis e inúteis, até adentrarem no salão, onde um Ethan totalmente e visivelmente perturbado as esperava, seus olhos escrutinaram Evelyn da raiz do cabelo até os pés, verificando inclusive, se suas vestes estavam mais amassadas do que na ultima vez que a vira, aparentemente o que viu não o deixou nada feliz.
_Agradeço-a imensamente pela gentileza Olga – disse ele pegando em suas mãozinhas enluvadas e beijando-as delicadamente enquanto mantinha seus olhos furiosos em Evelyn.
Ela inclinou a cabeça em comprimento, visivelmente encabulada e saiu caminhando sonhadoramente pelo salão. Evelyn não pode reprimir um pensamento maldoso “Pobrezinha, ela o ama, mas ele é meu!”. Sua feição deve tê-la denunciado, pois logo que Olga sumiu de vista ele agarrou no braço direito de Evelyn e a arrastou para um pedaço escuro do corredor anterior ao salão.
_O que pensa que está fazendo? – perguntou ele, sua voz carregada de ódio era pouco mais de um sussurro.
_Não sei o que quer dizer com isso – rebateu ela sem olhar em seus olhos, pois ela sabia que se olhasse, choraria como um bebe.
_Claro que sabe, andou se deitando com ele também agora? É isso?
_Não!
_Mas teria se Olga não tivesse chegado, suponho. Olhe para mim Evelyn! – disse ele prendendo seu rosto entre seus dedos para que ela o olhasse nos olhos.
_Sim – respondeu ela vencida – teria.
Ela sentiu que o tapa viria, era certo, ela merecia, no entanto isso não a impediu de fechar os olhos de medo. Mas, o tapa não veio, e ela vagarosamente abriu os olhos sem entender, e o que ela viu, foi mil vezes pior do que se ele a espancasse. Os olhos de Ethan estavam cheio de uma tristeza tão profunda que a fez querer morrer, era doloroso demais ver esse olhar no rosto daquele ser que tanto amava, ela não sabia o que fazer, ela não tinha direito de pedir desculpas.
As mãos dele haviam caído de seu rosto e ele se encontrava parado, simplesmente olhando-a com aqueles olhos que mais pareciam adagas perfurando-a, enquanto ela o olhava tentando ao máximo segurar o choro que lhe embargava a garganta.
_Ora, ora, mal sai de meus braços, já está nos de outro? Como es volúvel Evelyn – disse uma voz fria logo atrás de onde eles estavam escondidos.
Ela não precisava virar-se para saber quem era, ela sabia perfeitamente de quem se tratava, pois seu corpo se arrepiou no que ela supunha ser, puro terror.




Continua...

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