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quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Sangue

Escorre por meus dedos tua essência perdida.
Como a doce água que outrora me saciava.
Seu delicioso sabor explode em minha boca.
Sedenta, via tua face que me sentenciava.

Teu sangue tão vermelho e forte.
Emoldurando-se aos meus lábios.
Acariciando minha língua.
Descendo por meus seios.

Me banhava em você com uma luxuria perversa.
Enquanto embebido em mim você me tocava.
Tudo tão real e ao mesmo tempo irreal.
Sua pele em contato com a minha enquanto eu te sugava...

E a vida escorre, como o doce sangue escorre.
Em meio a luxuria, teus olhos se turvavam.
E eu te segurava próximo a mim e o esperava.
Pois todos a mim retornavam.

A noite dança por minha retina felina.
Assim como o dia lá fora e eu o aguardo.
Ainda em meus braços teus olhos se abrem.
Tão confusos...Tão intensos...Sinto que ardo.

Tua boca buscava a minha descendo pela essência seca do que fostes.
Resquícios de ti que habitam em mim.
Agora voltam a ti, sempre e sempre.
Pois para nós, nunca haverá um fim.

Não mais.



16 de Agosto de 2011.

sábado, 13 de agosto de 2011

Tatuagens do amor (Parte III)

São Paulo, Dezembro de 2011

Anthony vagava pelos terrenos incertos e funestos de sua memoria, navegando entre desejos que nunca se realizariam, afinal o relógio não volto e aquilo que se perde jamais retorna, ao menos, não da mesma forma.
Ele delirava, gemendo e chorando enquanto continuava com seus pesadelos e delírios, seus olhos fechados se reviravam nas orbitas percorrendo as memorias do que um dia fora.
Mas aquele já não era ele e nunca mais seria tão pouco.

Rio de Janeiro, Maio de 2000.

O dia amanhecia no horizonte, mas Anthony e Alice não se importavam, deitados sobre um cobertor xadrez sob a relva coberta de orvalho, a única coisa da qual tinham consciência era o fato de que hoje era um novo dia para eles, e que, esse dia, mudaria tudo.
De dedos entrelaçados eles observavam encantados enquanto o dia substituía a noite e tudo o que era escuridão se transformava totalmente, o lago, alguns metros diante deles era um exemplo disso, suas aguas antes negras como o véu da morte, agora cintilavam como se pó de diamante tivesse sido jogado sob ele.
Alice se sentia extremamente satisfeita nos braços de Anthony, protegida e em paz enquanto ele acariciava seus cabelos.
_É tão lindo aqui – disse ela virando-se para encara-lo.
_Sim, é como um mundo paralelo em que nada de ruim pode acontecer – respondeu ele, seus olhos abrindo-se para encara-la.
_Mas eu sempre me sinto assim ao seu lado – respondeu ela sorrindo e aconchegando-se mais ainda à ele. Seu corpo quente era o que a aquecia na manha gélida, como uma ancora firme e forte segurando-a contra as tempestades.
_Boba – disse ele inclinando-se para beija-la.
Eles permaneceram assim, sem se preocupar com nada além do calor de seus corpos em contato, eles nem mesmo se preocupavam com o dia atarefado que teriam, tudo que existia para eles naquele momento era a consciência da presença do outro, um outro que sentiam  como uma parte de si mesmo reencontrada, como almas gêmeas, metades de um mesmo ser uno separado no inicio dos tempos, para se reencontrar através das eras imemoráveis.
_Alice! – chamou alguém que descia pelo gramado em direção a eles.
Alice apoiou-se sobre um cotovelo para ver de quem se tratava, sua prima e melhor amiga Mia descia correndo com a face afogueada em sua direção, seguida de perto pelo melhor amigo de Anthony, Erik.
Os cabelos dourados, longos e encaracolados, de Mia voavam pelo ar a sua volta, seus olhos castanhos mel brilhavam, seus lábios curvados em um sorriso, ela chegou primeiro e jogou-se ao lado de Alice respirando ruidosamente.
Erik chegou logo em seguida, seus cabelos tão dourados quanto os de Mia, mas lisos, estavam bagunçados no topo de sua cabeça concedendo-lhe uma aparência rebelde, e seus olhos azuis vibravam de energia. Ele sentou-se ao lado de Anthony e suspirou, seus olhos encontraram os de Alice e ele sorriu. Ela se sentia feliz com a amizade e cumplicidade estabelecidas entre os amigos dela e os de Anthony, que agora, eram de ambos, e, simplesmente satisfeitíssima quando descobriu que Erika e Mia estavam juntos.
_Al, acho que vocês já tiveram comodidade e pré-lua-de-mel o suficiente, temos taaaanto a fazer! Vamos! – começou Mia logo que sentiu que sua respiração havia normalizado.
_Você também Tony, levanta essa bunda feia dai que temos que organizar as coisas antes de você se enforcar...
Alice levantou-se e deu um tapa no braço de Erik que fingiu sentir dor, mas infelizmente, ela tinha consciência que fora como cocegas para ele. Antes que ela pudesse dizer qualquer coisa foi rebocada por uma Mia falsamente carrancuda e impaciente.
Anthony segurou na mão direita dela enquanto ela se afastava, seus olhos se perdiam nos dela e ele sorria em paz, seu corpo totalmente relaxado até seus dedos se soltarem, que foi quando Alice virou-se, soltou-se de Mia e pulou novamente nos braços dele que a seguraram contra si em um abraço. Seus lábios tocaram os dela em regozijo, era como uma explosão de energia e calor que irradiava do corpo dela para o dele, mas que acabou cedo demais, pois antes que eles pudessem aprofundar o beijo, Alice foi praticamente arrastada de seus braços por uma Mia aparentemente furiosa, mas em seus olhos brilhava uma alegria genuína.
_Larga! Vocês terão tempo para essa melação depois do casório, guardem as energias para a lua de mel! – disse Mia piscando maliciosamente para Anthony.
_Isso ai! – completou Erik que rebocava um Anthony sorridente para o outro lado – afinal, não queremos que você durma e não dê conta do recado Tony.
Anthony bufou, mas seu sorriso, se fosse possível, era ainda maior, e ele seguiu o amigo enquanto Alice seguia para o lado contrário com Mia.
Faltavam menos de 12 horas para serem finalmente um perante a sociedade, Anthony mal podia conter o nervosismo e a ansiedade que o consumiam, afinal, Alice seria sua e ele seria dela, totalmente, pensava ele enquanto prosseguia com os preparativos.
Alice estava corada, sua imaginação e pensamentos voavam longe e ela desejava com cada bater de seu coração, cada célula de seu corpo, o momento em que finalmente diria SIM a sua nova vida, uma vida que ela desejara ter desde que o vira naquela manha estranha e remota, em que ela sabia, seu destino havia mudado e com ele toda sua existência, para melhor, claro.
Anthony já estava pronto e em frente aos parentes e amigos que seriam as testemunhas de seu renascimento, todos os lugares já estavam ocupados e os padrinhos e madrinhas se enfileiravam ao seu lado, tanto direita, quanto esquerda, apoiando-o em silencio enquanto ele esperava por ela.
O sol ainda brilhava no horizonte, mas já era fraco e logo seria noite, o ceu estava limpo e azul, as cadeiras estavam distribuídas em fileiras, entre elas um tapete vermelho se estendia, o mesmo que forrava o chão em que Anthony pisava juntamente com os padrinhos, madrinhas e o pastor que estava dois passos atrás de Anthony sob o pequeno altar improvisado. O campo em que eles estavam era de grama verde e bem aparada e um 500 metros a direita ficava o lago em que ele e Alice haviam passado sua ultima noite de solteiros.
A marcha nupcial começou a tocar, era uma musica um pouco diferente, era rock, rock gótico, ou sinfônico como Alice dizia, que era o gênero musical preferido dela, mas ele não conseguia raciocina, tudo o que ele via era Alice, a coisa mais linda que ele já havia visto, ela parecia um anjo, seu vestido branco com detalhes em vermelho realçava perfeitamente suas curvas perfeitas, seu busto e cintura eram delineados por um corpete que se estendia em uma saia que ia um pouco abaixo de seu joelho, era um pouco rodado também, pouco. O vestido todo possuía detalhes em vermelho que contrastavam com o branco como sangue na neve. Seu cabelo negro estava preso em uma espécie de coque bagunçado e sob seus cabelos havia um pequeno véu que ia até o meio de suas costas, em suas mãos havia um buque de rosas vermelhas, e elas estavam envolvidas por uma espécie de mini luva branca, ele sorriu, “tão Alice, perfeita”, pensou Anthony mal podendo conter a alegria que o inundava, era quase inacreditável para ele que ela se dirigia a ele, que era ele que ela amava e seria sua até o fim dos tempos.
O sorrido dela brilhava quase ofuscante, ela sentia que suas bochechas se rasgariam de tanto sorrir, a sua frente, Anthony também sorria, seu sorriso inspirava paixão e felicidade plenas, “tão lindo” pensou ela dirigindo-se ao encontro dele. Anthony estava de Smoking preto com detalhes em preto fosco, seu cabelo cuidadosamente arrepiado lhe dava um ar de selvageria comportada que a fazia ofegar, e seus olhos, seus olhos brilhavam, tão quentes, tão lindos, um mar verde no qual ela queria se lançar, sem se importar que todos aqueles que lhes eram caros estavam ali observando.
A atmosfera de felicidade era quase palpável, ela sentia o leve roçar da pele dela contra a de seu pai que lhe sorria timidamente, seus olhos estavam marejados de lagrimas, assim como os dela, enquanto ele a entregava a Anthony.
Eles pararam por um minuto e olharam um no olho do outro, azul no verde, e ela colocou seu braço no dele para irem até o altar, o sorriso continuava como pregado em seu rosto, ela simplesmente não conseguia parar de sorrir, e ela imaginava que o mesmo acontecia com Anthony.
A cerimonia transcorria calmamente, e a hora tão esperada chegara, eles viraram-se, segurando as mãos um do outro e ficaram frente-a-frente.
_Alice Katharyna Hope, você aceita Anthony Nebel como seu legitimo esposo, na saúde na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe?
_Sim. Anthony Nebel, prometo amar-te e respeitar-te, sendo lhe fiel, seja nos momentos de alegria ou na tristeza, na saúde e na doença, por toda a minha vida e além dela, zelando pelo vosso amor e alegria.
_Anthony Nebel, você aceita Alice Katharyna Hope como sua legitima esposa, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza até que a morte os separe?
_Sim. Alice Katharyna Hope, prometo respeitar-te amar-te , sendo lhe fiel, até mesmo na sua TPM e até mesmo se virarmos sem teto, por toda a minha vida e além dela, zelando por vosso amor e alegria.
_Eu os declaro marido e mulher, pode beijar a noiva- declarou o pastor.
E Alice e Anthony mergulharam um nos braços do outro, como um naufrago em busca de algo em que se apoiar, e beijaram-se intensamente enquanto o crepúsculo descia e a noite chegava, trazendo consigo uma lua nova brilhante e um céu cheio de estrelas que para eles, significava o começo de uma nova vida.


Continua...



quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A primeira de um NERD

_E ai, trouxe? – perguntou ela nervosa.
_O que? – perguntou ele confuso.
_Você sabe o que – retrucou ela revirando os olhos e cruzando os braços sobre o peito.
_AH! Você quer dizer aquilo... – respondeu ele sorrindo timidamente -  claro, eu não poderia esquecer-me, afinal é importante, mas você sabe, quando você me perguntou eu realmente não me lembrei desse detalhe...
_Para alguém que supostamente é tão  inteligente você as vezes consegue ser bem obtuso – comentou ela ainda de cara fechada.
_Uau, você sabe dizer obtuso... Você é mesmo misteriosa, adoraria desvenda-la, como um mapa do tesouro, ou,  ou...um mapa astronômico, já que seus olhos parecem a lua e seus cabelos, bem, são como o sol de tão brilhantes...
_Meu Deus, porque é que eu concordei com isso mesmo? – disse ela jogando as mãos para o alto em puro desalento.
_Porque você precisa de nota em história antiga e a professora é mulher e totalmente carola, além de eu ser o melhor aluno desde hmmm – respondeu ele colocando as mãos sob o queixo fingindo pensar – desde sempre – e sorriu abertamente após essa constatação.
_Você... Você é odioso! – disse ela batendo o pé  e dirigindo-se para sua mochila jogada em um canto do quarto dele, que era repleto de livros espalhados e pôster do Homem Aranha, Mulher Maravilha e outros personagens de quadrinhos, além de bonecos em miniatura de personagens de Guerras nas Estrelas, aquilo a deixava enjoada enquanto procurava seu casaco, que ela encontrou embaixo da cama, onde eram visíveis revistas pornôs misturadas com revistas em quadrinhos.
Ela bufou e dirigiu-se a porta grande a furiosas passadas, mas ele a agarrou antes que ela pudesse encostar no trinco.
_Espere, não vá!
_Vai me prender aqui agora?- perguntou ela com os olhos faiscando.
_Não, me desculpe, não queria ofende-la – disse ele timidamente.
_Não ofendeu, eu só odeio ser julgada, ainda mais por alguém como você – atirou ela venenosamente sem olha-lo.
_Alguém como eu?
_Sim! Alguém como você! Que possui uma vida perfeita! Inteligente! E... Maldição, você sabe – com essa ela riu desdenhosamente.
Com orgulho ferido ele a segurou pelos braços e fez com que ela o olhasse.
_Não depois dessa noite!
_De jeito nenhum! Nosso trato está total e irrevogavelmente quebrado, então me solte!
_Você será reprovada em História Antiga o que sujará seu currículo, que já não é muito bonito...
_Não me importa, vou embora daqui agora!
_Por favor – pediu fazendo carinha de cachorro sem dono.
_Não se atreva a fazer essa cara pra mim, eu não... Droga! – disse ela bufando – tudo bem, manteremos nosso trato.
Ele sorriu brilhantemente.
Ela jogou sua mochila para o lado da cama, assim como seu casaco, e o empurrou para a cama de colcha negra com desenhos geométricos bizarros e algoritmos que ela nem sonhava existir.
_Ouch! – disse ele ao cair na cama.
Ela abaixou-se vagarosamente, dirigindo-se para as bermudas dele, as quais abaixou suavemente.
_Espero que esteja pronto pra mim – disse ela fitando-o com um sorriso malicioso nos lábios.
_Eu...Eu estou – respondeu ele sem muita firmeza.
Ela somente continuou a sorrir e terminou de tirar a bermuda dele.
_Hum, espere – disse ele receoso.
_O que é? – disse ela revirando os olhos.
_Eu, hum, não sei se é certo.
_E como poderia não ser? – perguntou ela arregalando os olhos.
_Bem, talvez não seja uma boa ideia afinal.
_Tenho certeza de que é, agora seja homem e fique quieto.
Ele suspirou e fechou os olhos enquanto se encostava no travesseiro negro.
Ele a sentia enquanto ela acariciava suas coxas fazendo movimentos circulares na parte interna delas, ele não queria ver o que ela fazia, preferia só sentir, talvez fosse melhor assim.
_Está feito – disse ela limpando o rosto com uma toalha.
_Já, hum, acabou? – perguntou ele incerto.
_Sim.
_Pensei que fosse mais demorado.
_Algumas vezes é mesmo, mas no seu caso foi fácil, rápido e o resultado excelente! –disse ela sorrindo.
_Ahn, obrigado.
_Não há de que, te vejo na terça, você sabe, para a revisão da matéria de História.
Ele revirou os olhos.
_Revisão – bufou ele.
_É, mais ou menos isso, de qualquer forma, minha parte está feita, espero que cumpra  a sua com o mesmo afinco.
_Com certeza.
_Vou indo então, se cuide.
_Farei.
Ele observou enquanto ela saia pela porta segurando-se para não parecer um idiota, então de um salto saiu da cama  e correu para se olhar no espelho do banheiro.
_Uau – ele exclamou admirado enquanto via o desenho perfeito do olho de Tandera em alto relevo em sua pele ainda avermelhada, afinal valera a pena, agora sim ele se sentia satisfeito e aguentar ela não seria assim tão ruim no fim das contas.


09/08/2011

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Vórtice: em meio a inconstância do querer (Parte IV)

Evelyn não sabia o que fazer, pois, se entregasse o casaco a Ethan, não haveria o que fazer, Henry veria a ferida recém aberta em seu pescoço e a denunciaria a todos, ela se sentia sufocar, tentando pensar o mais rapidamente possível em uma saída, que ela sabia, não encontraria  


***

O tempo parecia não existir mais enquanto Evelyn pensava, poucos segundos haviam passado, mas para ela parecia ser uma eternidade, ela se sentia sufocar, afundando em seu próprio desespero.
Virando-se para Ethan, ela empurrou seus longos cabelos vermelhos para o lado da mordida ainda fresca em sua pele alva, em seguida tirou o casaco dele vagarosamente como que atrasando o inevitável. Prendendo seus olhos nos dele, ela tentou transmitir naquele olhar toda sua gratidão e amor por ele, entregou-lhe seu casaco e suas mãos se tocaram por um breve momento.
Ethan sentia-se preso em amarras invisíveis que o impediam de fazer qualquer coisa para protege-la, ele era um prisioneiro das aparências, prisioneiro de seus próprios sentimentos, escravo de sua própria dor, a angustia por ter que entrega-la nas mãos do que lhe era prometido, e,  portanto, ele, Ethan odiava, era quase palpável.
Estendendo as mãos para Lorde Henry, Evelyn caminhou como se estivesse incrivelmente encantada com a perspectiva de estar na presença de seu prometido e noivo que ela mal conhecia, vestindo a mascara que fora treinada a usar, desempenhando o papel que lhe ensinaram, quem a visse nunca imaginaria que ela tremia por dentro, de medo de Henry, de si mesma, do que acontecera a pouco, de que alguém visse suas novas marcas escarlates...


Morta

Me sinto desfalecer,
Caindo, caindo...
Enquanto o mundo se despedaça ao meu lado.
Sempre achei que fosse autossuficiente.
Que sendo só eu seria suficiente.
Mas você me faz perder o controle enquanto te busco na nevoa.
E a noite cai como cortinas de fogo sobre meus ombros fazendo me navegar pelas aguas incertas da memoria.
Buscando lembrar-me de seus olhos...
E a luz que me cega é a que vem de você.
Pois eu sei que você é como um feixe de luz em meio a escuridão mórbida.
O pouco de vida que restou em meio a um cemitério cheio de corpos sem vida.
E eu continuo vagando sozinha enquanto você some...
Fiz tudo que podia enquanto possuía forças.
Mas você me faz chorar e querer gritar de dor.
Enquanto rolo pelo sangue seco que escorre de minha alma.
Porque eu simplesmente não posso me lembrar de como você era, e, sendo assim não posso encontra-lo na noite que me engole.
Me sinto morrer.
Desfalecendo em meio a sua ausência.
Minha vida não significa nada sem você, pois me sinto incompleta.
 Nunca fui boa o suficiente, talvez seja porque tenha passado tempo demais sendo alguém que possivelmente não sou.
É como se dentro de mim existissem duas pessoas diferentes.
Mas, sei que sem você é o mesmo que estar morta, e somente quando puder te encontrar, saberei que posso sorrir.
Pois você é tudo que busquei.
É tudo o que eu preciso, mesmo que o mundo desabe ao meu redor, se você estiver comigo posso enfrentar o próprio demônio.
Porque por você eu atravessaria o inferno.


terça-feira, 2 de agosto de 2011

Vórtice: em meio a inconstância do querer (Parte III)

E ao chegar lá deparou-se com uma cena que nunca esqueceria e o perturbaria pelo resto de seus dias, como um espectro noturno sempre a espera de uma oportunidade para esgueirar-se por seu ser trazendo consigo a dor da lembrança.

***

 A luz da lua iluminava de forma precária as duas silhuetas presentes na sacada, era quase impossível reconhecer-lhes a feição, somente um detalhe era visível de onde Ethan estava, eram um homem e uma mulher.
A luz dos candelabros bruxuleava vivamente iluminando com um tom de amarelo a cena que se desenrolava bem em frente à seus olhos.
Ethan sentiu o ar faltar e o coração se apertar como se uma mão invisível o estivesse esmagando. Ele conhecia a mulher, era sua musa, sua ninfa perfeita, seu crepúsculo incandescente...E agora estava ali nos braços de outro, se ele ao menos pudesse reconhece-lo...
Evelyn se encontrava em meio à bruma, confusa e pálida, sem consciência do que a cercava, sentia uma mão envolver lhe a nuca e os cabelos que agora estavam soltos caindo-lhe pelas espáduas como uma cascata de fogo, seus olhos estavam fixos, presos aos olhos negros como a noite que tinha a sua frente.
O estranho a envolvia pela cintura aproximando-se mais e mais a cada instante, ela sentia seu corpo grudado ao dele, enquanto seus cabelos eram puxados para trás o que fazia com quem ela se inclinasse deixando a boca e o queixo totalmente expostos ao estranho que a comia com os olhos.
Ela sentia que ele podia ver sua alma, navegando por seus pensamentos e correndo junto com o desejo existente em sua corrente sanguínea, ela sentia-se quente, fervendo, e queria muito, muito mesmo que ele a beijasse e fizesse o que quisesse com ela, a tensão sexual entre eles era quase palpável.


Lágrimas de Sangue {Parte I}



Ian Einsamhertz

Segunda-feira.

Doce senhora que encanta meus sonhos e povoa meus delírios, sofro por saber que já não posso tê-la, pois a fria tumba em que jaz teu belo seio se assegura disso, envolvendo-a com seus dedos gélidos e firmes.
Mas seu perfume se entranhou em minha memória, e alma, tanto que por vezes julgo que o sinto pela casa como se vós caminhastes comigo pelos cômodos como antes. Infelizmente sei que isso é impossível já que vi, com esses olhos que a terra há de comer, a mortalha fechar-se sobre seu rosto, como um véu de noiva que nunca ostentou.
Na minha cama o contorno de seu corpo permanece, e nas noites frias meu soluço preenche o vazio deixado por vós e ecoa pelo vazio que deixaste em mim.
Em todos os cantos da casa sobrevivem resquícios de sua presença, como um fantasma a atormentar-me, e a dor, a dor é sempre mais forte durante as noites, pois sei que você já não atravessará a porta vindo ao meu encontro em nosso eterno leito de amor, com seus doces olhos azuis, profundos como o mar.
Doce amada, dois dias fazem que partistes, mas a mim parecem anos. Em certos momentos, uma raiva intensa apossa-se de mim e eu me pergunto como tivestes a ousadia de partir e me deixar, mesmo quando jurastes não me abandonar jamais.
E meu coração sangra amada, sangra por ti.

Terça- feira.

Insônia, maldita serpente que a mim se agarra como um parasita sedento por minha dor, que me faz permanecer acordado a rever fotografias esquecidas da perdição amada e perdida, que me faz lembrar de tudo aquilo que me foi tirado quando ela se foi.
A-M-O-R: ainda dói meu odioso coração ressentido.
Não podias deixar-me assim amada, não podias, deverias cuidar de mim como disse que o faria. Por que se foi, oh sonho meu? Queria que ao menos me levásseis com vós...
Às vezes, a dor é tanta que me sinto afundar, perdendo me em lembranças do que passamos, com a esperança que retornes aos meus braços, ou que ao menos eu afunde ao teu lado pelos véus obscuros da morte.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Rainha do gelo


De um mundo paralelo assisto a tudo.
Vejo as colinas, os prados e campinas.
As ruas, as rodovias e os prédios.
Vejo a fome, a doença e a miséria.

De meus olhos vítreos e singelos nada escapa.
Sentada em meu trono de cristal.
Sinto a dor e a tristeza da ausência.
Enquanto sigo teus passos através de minha janela de prata.

De face inabalável e coração quebrado.
Assisto a tudo, como um misero espectador de um mundo que não lhe [pertence.
Observo a tudo com os olhos de um estrangeiro.
Que largaria tudo para penetrar por esse véu.

De braços estendidos, tento tocar tua face.
Mas sei que ao meu toque tudo se dissolve.
E meu trono gelado me lembra do que sou.
Assim como o vidro pálido que não posso transpassar.

De desejo minhas entranhas se contorcem.
E a minha volta meu mundo se distorce.
Tudo aqui é tão etéreo e estéril.
Pois em meu mundo gelado só existe a dor.

De lábios entre abertos pronuncio a palavra.
Que supostamente derreteria o gelo.
Mas tudo continua da mesma forma.
E a distancia observo você sorrir, mas não pra mim, nunca pra mim.

De gelo e mármore fui feita.
Como estátua perfeita de uma era.
Em um mundo cercado por intransponíveis barreiras.
Rainha do gelo, orgulhosa e majestosa.

De coração partido e congelado.
Sei que nada que faça mudará quem sou.
E o fato de que estarei para sempre presa a um mundo paralelo.
Sendo uma mera espectadora de uma realidade que não lhe pertence.

12 de Julho de 2011













segunda-feira, 11 de julho de 2011

Se em meus sonhos



Se em meus sonhos delirando eu gritava.
E minha boca seca se lamentava.
Os véus pálidos, negros e desconhecidos eu temia.
Enquanto chorando eu me torturava.

Se no balanço incerto das ondas.
Teus soluços eu escutava.
Meus lábios trépidos por ti clamavam.
Mas teus ouvidos não me escutavam.

Se na noite escura sangrando eu te buscava.
Teu riso maquiavélico me castigava.
Enquanto flagelada, da noite eu retornava.

Se no tempo que escorre como o sangue puro pelas veias.
Meu amor por você deslizava como a areia na ampulheta eterna.
Lamentando você me buscava, pelos destroços insólitos do que de mim restou.





11 de Julho de 2011.

sábado, 2 de julho de 2011

Singularismo, ou pluralismo.

Na noite ilícita e densa que encobre toda a luxuria ardente.
Escorrem dos corpos o elixir da hipocrisia.
E a taça vai se enchendo;
da parte pútrida e condenável de cada um.
Singular e naturalmente hipócritas.
Vivemos nossas vidas fingindo ou pensando ser algo que  não somos.
Fingimos, fingimos, fingimos...
em um teatro comum, os personagens que alguém ditou.
Brincamos de sermos moralistas;
falsos moralistas.
Pois, no momento em que estamos a sós na fortaleza inalcançável de nossas mentes;
Mostramos quem realmente somos.
E as mascaras usadas para a vida em sociedade se esvaem...
Como a chama de um isqueiro que se apaga momentaneamente.
Confuso... todo ser carrega em si o mistério indesvendável de si mesmo.
E, as cegas, buscamos nos adaptar ao mundo.
Um mundo onde a singularidade é condenada.
Um mundo que a todo momento se contradiz.
E o errado e o certo, misturam-se numa mescla indivisível de cores.
Mas o certo e o errado é sempre tão relativo, tão singular...
Já que o que é certo pra um, pode ser errado para outro.
E em meio a insegurança.
O medo de não sermos aceitos nos reprime.
E deixamos nos levar pela maré incansável de seres.
Como uma manada, num pluralismo ilusório.
Em que o singular se perde como a nevoa pálida que encobre o inconsciente.
Onde sobrevivem os instintos há muito esquecidos, ou somente, reprimidos.


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