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segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cheiro de sangue


O cheiro de sangue e carne podre me enojam
Em meu estomago o ácido borbulha e gira.
Sob meus pés, o chão está mole e grudento como lama;
Mas isso não é lama.

E memoria da noite anterior é fresca em minha mente.
Seus ossos descarnados.
De onde a carne gordurosa e vermelha;
Caia em pequenas tiras sanguinolentas.

Nada restara de nossos sonhos.
Tudo se fora com um simples empurrão.
Um mero azar...
Ou simplesmente destino, tanto faz.

E você já não respirava.
Seus olhos permaneceriam vidrados...
Pelo menos até que os peixes o comessem.
Ou corvos, quem sabe.

Mas o mais triste era assistir a tudo.
Vê-lo partir, sem que eu pudesse ao menos me despedir.
Nem me mexer tão pouco.
O gosto que a sensação de derrota deixara em minha boca, era como maça podre.

E ele o fatiava, em pequenas tiras cortava sua carne.
Eu simplesmente não conseguia fechar os olhos.
Não enquanto você me olhasse.
Eu precisava ser forte, dizer com os olhos que ficaria tudo bem.

Mesmo sabendo que não ficaria.
Nunca mais as coisas ficariam bem.
Era o fim para nós.
E eu preferia que realmente tivesse sido.

Que tivesse partido.
De dedos entrelaçados aos seus.
Ao menos assim estaríamos juntos.
E a dor terminaria.

Por foi você que não me permitiu enlouquecer.
Fitando-me nos olhos com coragem.
Mesmo enquanto era retalhado;
Pedaço por pedaço mutilado.

E quando você partiu.
Senti que estava ao meu lado.
Dando-me força.
Trazendo-me a lembrança do que fomos.

Como naquela tarde de domingo.
Sob a figueira.
O mundo era nosso e nos éramos tudo o que importava.
Naquele mundo caótico e violento.

Foi tão doce o modo como seus lábios tocaram os meus.
Os mesmo lábios que agora alimentam os vermes.
Eu queria poder apagar o sangue que vi verter de ti.
Esquece de tudo e perder-me em seus olhos...

E quando ele saiu com seu terno negro manchado de sangue.
Eu não pensara em fugir.
Não queria abandona-lo.
Nunca.

Mesmo que seu coração já não batesse.
E seus olhos já não brilhassem.
Eu não podia deixa-lo só.
Você ficaria triste, imaginei.

Tudo o que eu sentia era o vazio deixado pela fome.
E um grande buraco negro que era a sua ausência.
A certeza de que eu o havia perdido.
Para sempre.

Sinto que me salvou de tudo aquilo.
E principalmente de mim mesma.
Quando veio a mim;
E me libertou ordenando-me que corresse.

E eu corri, como nunca antes havia feito.
Sob desejos do esgoto e carne podre.
Sangue e mijo.
Para viver.

Hoje me pergunto se foi o certo.
Pois aquele dia permanece entranhado em mim.
Como que gravado a ferro em meu inconsciente.
Pois nas noites, acordo gritando por você e choro.

Choro porque perdi você.
No mesmo dia em que me perdi.
E hoje sei que viver não é o bastante.
Quando tudo de bom que havia em você se foi.


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Um comentário:

  1. Adorei o poema, Dézy!

    Aproveita para ver a brincadeira na qual eu te incluí:

    http://amanda-reznor.blogspot.com/2011/11/10-coisas-de-que-eu-nao-gosto.html

    =)

    Bjaum,
    Mandinha

    ResponderExcluir

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