expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Gotas de sangue (Segunda parte)




No chão, o sangue derramava—se sobre o espelho partido, a garota nua em pé sobre ele tinha os cabelos negros como a noite eclipsada, de pés cortados, seus olhos fitavam algo que só ela via. Meneando a cabeça para os lados, ela observa amedrontada, o demônio que a encarava de volta.
Milhares de olhos vermelhos distorcidos que reluzem em pecado. Ela via naquelas feições o seu pior pesadelo, reconhecendo no reflexo o seu próprio rosto.
No canto do quarto a menina loira deu um último e sôfrego suspiro, enquanto o coração da figura em pé diante dela sangrava a descoberta do que realmente se transformara.
Virando-se lentamente para ver aquele adorável corpo, agora mutilado, respirar pela ultima vez. Aqueles adorados olhos castanhos perdiam o brilho.
Ela sentia como se uma grande corda estivesse amarrada em seu pescoço, logo abaixo das amídalas, enquanto assistia o quão longe fora por sangue.
_Kamillie – um único som articulado vazou daqueles lábios de fada, mas para Kamillie, era como se fosse uma oração inteira, que findava-se com um suspiro que retumbava “Culpada”.
O desejo pelo sangue ainda quente que vertia de Reibe inundava a mente dela como um gás toxico, venenosamente vermelho.
Vermelho.
Rubro.
Metálico.
Saborosamente morno.
Vermelho pulsante.
As presas afloraram dolorosamente da gengiva, o estomago urrava enquanto o coração gritava. A fera desperta arranhava a alma, mordendo com suas presas venenosas, dominando a mente da vampira com um desejo irracional.
Kamillie e Ava brigavam pelo controle dentro do mesmo corpo, mutilando-se psicologicamente em pequenos raios de tempestade.
Ava lançou-se sobre o corpo de Reibi, enquanto Kamillia soluçava silenciosamente a própria queda, em um canto afastado de sua própria mente, cada vez mais fraca, Kamillie fechou-se, trancando-se em uma fortaleza da qual não pretendia mais sair, ela perdera o controle de si para sempre.
Ava... Ava...
Os dentes desceram bestiais sobre a carne macia da jovem. A fera agora desperta, não reconhecia as lembranças, que, como espirros de sangue retumbavam na mente dupla, como as batidas de um coração.
...Dias ao sol no balanço de casa...
...Puxões de cabelo e pontapés diante da boneca ideal...
...Abraços apertados...
...O primeiro sutiã...
...O primeiro beijo, contado aos sussurros na casa da árvore...
...Lágrimas desmembradas...
...O distanciamento vazado em saudade...
...O soco inumano no estomago...
...Unhas negras rasgando a pele adorada...
...Kamillie...Kamillie...
Seu coração pulsava em grandes doses de culpa, sua alma escapando pelos poros em flagelos, enquanto Ava sugava o quente e saboroso sangue de sua melhor amiga, agora de olhos vítreos.
As memórias e as vontades mesclavam-se por trás da muralha de carne crua da besta, duas supernovas colidindo dentro da pele, os desejos nefastos que se enraizavam pela corrente sanguínea sufocavam Kamillie.
Kamillie... Kamillie...
Em um beijo áspero com gosto de metal, no infinito afogou-se, fechando-se em uma fortaleza inexpugnável da qual jamais sairia, ela perdera o controle de si para sempre.
Ava...




P.S; Novamente, imagem retirada do Google Imagens (sem referencias do criador(a) da imagem), caso o detentor de seus direitos autorais manifeste-se ficarei feliz em adicionar os devidos créditos ou retirar a imagem, conforme a vontade do mesmo.


segunda-feira, 1 de julho de 2013

Andarilho


Andarilho das noites de novembro. Desaguando no tempo que flui. Nos sonhos dos anjos que não podem voar. A canção dos desalentos que ecoam pelo ar. Uma doce noite de verão. Um belo conto desconhecido. Que teceríamos em noites como essa. E que estaria em nosso epitáfio invisível. Uma única frase perdida no cetim transcendental. Daqueles lábios que clamei como meus. Para além das areias que os ventos levam. Nossas almas em um mesmo novelo vermelho. Tatuagens da alma que o mundo não apaga. Linhas entre-tempos que desafiam os limites. De uma vida que se curva em redenção. Ao maior dos milagres.




P.S: Encontrei a imagem no Facebook, não sei a quem pertence, portanto, se o autor da imagem aparecer, imediatamente adiciono os créditos ou retiro, conforme a vontade do mesmo.

domingo, 30 de junho de 2013

Beltane



A chuva ascendendo sobre o berço das deidades imaculadas
A sonata encantada da harmonia pagã retumbando pela terra molhada
O barulho crescente dos tambores ribombando pela pele
No ritmo dos corações pulsantes dos filhos da Mãe

Os corpos movendo-se na escuridão tempestuosa que oculta
a chama que se acende no baixo ventre daqueles que movem-se 
no agridoce balanço, das ninfas que sobem e descem sobre os falos rijos
Na dança que os aproxima do infinito celeste

O fogo que nos montes brilhava em incandescentes labaredas
Exalando a fumaça e o cheiro de cinzas pela noite chuvosa
No vento, os gemidos cavalgam pela terra molhada
E os corpos sujos de lama enlaçam-se tornando-se um

A brisa cálida do alvorecer veraneiro acariciando as peles expostas
De seres que anseiam pela renovação de um ciclo
Uma nova era, em que a aurora morna anuncia
Um recomeço 



P.s: Não sei a quem pertence a imagem, caso o dono se manifeste, posso adicionar os devidos créditos ou retirar.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Filho do pecado



Era filho do pecado, mas eu o desejava.
Era cria da noite, mas eu o queria.
Era o fruto de meus pesadelos, mas com ele eu sonhava.
Era o veneno no meu sangue, mas eu não me importava.

Eu queria seu beijo, sua pele, seu corpo.
Eu queria seu sangue, sua saliva, seu gozo.
Eu o queria por inteiro, no peito, no colo, no útero.
Eu sentia-o em tudo, derretendo-me nele.

Esvaindo na bruma.
Conheci seus segredos mais profundos e sórdidos.
Gritando desvairada de prazer, luxuria e êxtase.
Eu gemia e tremia enquanto meu sangue se derramava pelo chão.

A dor era excruciante, inesquecível, intensa.
Sorrindo enquanto eu  sugava.
O liquido metálico e amargo.

Que me abriria os portões para o inferno. 

Euevocê.com (Quarta Parte)

        


             De certa forma eu estava certa, sobre a importância que aquele reencontro teria sobre minha vida, mas acho que nem em meus sonhos mais bizarros - em que unicórnios de crinas coloridas e fosforescentes atravessam o ar como grandes Pégasos de asas alvas... – eu poderia ter imaginado como esse conto se desenrolaria.
         Naquele tempo eu contava com meus 20 e tantos anos e cursava a faculdade, o mundo abria-se diante de mim, alargando meus horizontes e concedendo-me novas perspectivas. Obviamente isso também influenciava em minha personalidade, ao mesmo tempo em que a enxurrada de conhecimento que se derramava sobre minha consciência era boa, era também desnorteante.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Dama da neve

(Não sei a quem pertence a imagem x.x)

   
Era um lugar engraçado, onde nas noites de inverno a floresta branca e mórbida parecia iluminar-se com uma luz intensa e fluorescente que a fazia reluzir como a mais bela coisa que eu já havia visto. Aquela cena me encantara por 18 invernos e provavelmente sempre me deixaria extasiado, pois foi em uma dessas noites que eu a encontrei.
Ela estava vestida de luz e seus cabelos coloridos espalhavam-se a sua volta, luminosos em meio a neve que a encobria, seus lábios tornaram-se azulados, a cor da morte.
Eu não sabia que tipo de criatura ela era, seu cheiro era como o eucalipto fresco misturado com algo mais intenso e maravilhoso. Algo que eu desconhecia e  que, portanto, me fascinava.
Seus olhos cerrados, de cílios longos pontilhados de neve, tremeluziam como se ela estivesse sonhando, mergulhada em véus de Morfeu, embalada em cantigas de ninar que eu jamais conheceria.
Cingi seu esguio corpo vestido de nuvens de tempestade junto a mim, seu coração em orquestra solista, lentamente tamborilava uma penosa balada, e seus braços arrastavam-se pela neve deixando um rastro de serpente por onde passávamos, assim como seu vestido.
Carreguei-a por um longo tempo, enquanto uma tempestade formava-se no horizonte e aproximava-se, cada vez mais perigosa e próxima. Eu precisava encontrar um abrigo, a vida dela dependia disso.
Levei-a para uma caverna que em várias ocasiões me servira de abrigo e me protegera dos dedos frios e pálidos da dama de negro, que possui uma adaga prateada presa a cintura. Soltei-a no chão, sob um montículo de galhos e folhas que algum grande animal havia feito para manter-se aquecido, dias atrás.
A luz que descia multicolorida do céu, tocando a neve com dedos de fantasia iluminava o rosto daquela criatura grande talhada da mais pura porcelana. E como porcelana, ela claramente poderia quebrar mais facilmente do que aparentava, e sua pele, aquecer-se-ia com o toque.
Estirei-me a seu lado, colocando meu corpo junto ao seu para aquecê-la. Aquela criatura banhada em luz fluorescente me fascinava, eu poderia observá-la para sempre, enquanto a lua crescente brilhasse no firmamento.
Na claridade efervescente, vaga-lumes dançavam na noite, como se pequenos flocos do céu estivessem caindo e derramando-se sobre a neve cinzenta. Mas aquilo não me assustava. Aquela sempre fora minha época preferida do ano, pois o mundo parecia envolto em magia, e a magnitude dessa obra divina era mais perceptível em momentos como esse.
A ninfa de gelo mexeu-se suavemente abaixo de mim, seus pequenos lábios arroxeados abriram-se em um singelo som angustiado, seu corpo, coberto por uma fina camada de água, encolhera no tempo em que estive observando as luzes mutantes ascenderem na escuridão. Ela estava derretendo.
Desesperado, arrastei-a para fora da caverna. Do alto, a neve começou a cair, lentamente cobrindo tudo a nossa volta com pequenos flocos de esperança. Afastei-me para observar abismado, um brilho cinzento quase imperceptível rodeava seu corpo que lentamente se recompunha conforme a temperatura caia.
Eu queria permanecer ao lado dela, ser a primeira criatura que ela visse quando aquelas pestanas finalmente se abrissem para o mundo, não importando quanto tempo levasse.
Juntei todos os galhos e folhas que pude reunir e fiz uma espécie de ninho próximo a ela, para que pudesse observá-la enquanto navegasse pelas encantadas terras do mundo dos sonhos. Eu não queria adormecer, mas lentamente meus olhos foram fechando-se de cansaço.
Quando acordei um brilho palidamente dourado tingia tudo a minha volta, mas ela não estava mais lá. O formato de seu corpo ainda gravado na neve era o único vestígio de sua existência.
Em desespero procurei-a por toda parte, mas não havia qualquer sinal dela, eu a perdera pra sempre, a minha dama das neves, partira.



domingo, 28 de abril de 2013

Fadas



Eu vejo fadas serpenteando a escuridão eclipsal.
Desvanecendo na imensidão dos arcos do tempo.
Em seus pálidos e gélidos sorrisos de malva-rosa.
O canto da cotovia anuncia o descer das cortinas.
Flutuando na aurora de uma era que morre.

Observe o brilho fosforescente nesses olhos.
A insanidade crepuscular de um anjo em queda.
O grito agudo de uma alma que chora.
Enquanto os lábios descortinam um ato mecânico.
De um adeus inarticulado que reverbera na noite.

Nas areias movediças de contrastes que permeiam as almas.
Eram como vagalume perfurando o vasto nada.
Singelos fio de luz em um deserto árido de desilusões.
Macabro era o medo que incendiava suas vestes.
Naquela noite sangrenta em que as fadas partiram.

Nas mentes que moldam a realidade.
Não há espaço para doces fantasias e seres incompreensíveis.
Era o crepúsculo de uma realidade.
A morte do mundo harmonizado.
A ascensão de uma nova era, onde as fadas não podem pisar.



sexta-feira, 26 de abril de 2013

Perfume agridoce




Sinto o aroma daqueles dias, um perfume agridoce de juventude.
Temperado com pétalas de sua sabedoria precoce.
Um Werther da atualidade, sem sua Charlotte.
Um inconcluso ponto e virgula, em um mar de pontos finais.

Naquele tempo, eu acreditava poder resgatá-lo.
Em meu castelo de ilusões eu seria aquela que te resgataria.
Da areia movediça que ameaçava devorar tua alma.
Mas eu nunca pude ser a corda que te reconectaria ao mundo.

O conto que tecemos, do crepúsculo ao alvorecer de cada toque da Aurora.
É como um baú de fadas em que as páginas amontoam-se.
Em memórias, de um sentimento rosado, com mesclas escarlates e esmeraldianas.
De um sonho que jamais se concretizou.

Os fantasmas alquebrados de um passado repleto de cicatrizes.
Aprisionava-me em receios que dominavam a minha alma.
Eu não podia perdê-lo. Você era o futuro que eu almejava.
A rocha em meio as tempestades.

Em meio as lágrimas nas obscuras noites que me encobriam.
A linha vermelha que eu tanto desejava se rompia.
E meu amado encantado.
De mim foi levado.







Gotas de Sangue



Ela sentiu o vento roçando seus cabelos que se mesclavam com a escuridão mórbida, como se fizessem parte de um mesmo novelo de lã negra e grossa. O céu encoberto pela camada de poluição avermelhada que já era típica da capital paulista afastava as estrelas para um universo paralelo diferente, tão distante quanto a própria essência rústica e fluorescente de Kamillie.
Seus pés balançavam vagarosamente sob o infinito inóspito e luminoso daquela megalópole que ostentava um grande outdoor de esperança para aqueles que buscam um futuro novo, uma vida melhor, mas que era uma verdadeira teia de aranha para os sonhos, que acabavam enredados em mentiras e em paredes invisíveis de praticidade.
Kamillie segurava-se firmemente ao beiral da sacada do décimo andar de um prédio comercial qualquer, escolhido a esmo porque parecia ter uma boa vista da borbulhante massa de gente e concreto que trasbordava pelas ruas a todo tempo, como num verdadeiro formigueiro concretado.
Ela não tinha medo de cair, segurava-se as bordas de tudo como sempre fizera durante os singelos 25 anos de sua existência inútil, por costume, já que nunca fora capaz de mergulhar profundamente em nada, sempre permanecera no raso, onde seus pés podiam alcançar o chão ao menor sinal de perigo.
Mas no fundo ela ansiava a imensidão, o voo inconsequente e único, digno da libertação. Um ultimo grito de protesto contra as amarras e mordaças que a amordaçaram a vida toda impossibilitando-a de dizer o que pensava, impedindo-a de sentir. Sentia-se como uma escrava da vida, portadora de correntes invisíveis.
Kamillie sempre desejara o infinito, ansiando voar pela borda do mundo, caindo na neblina da imensidão transcendental. Mas por muito tempo ela receara a escuridão, refugiando-se nas luzes unilaterais que a consumiam sem tocá-la. Porém, ela nunca fora capaz de exalar luz, as luzes sempre tocavam sua pele sem adentrá-la, pois a escuridão dentro dela era maior que qualquer outra.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Futuro das águas


(Imagem encontrada no Google imagens, não sei a quem pertence, caso o dono da mesma veja a postagem e deseje que seja retirada, entre em contato comigo que será feito, imediatamente.)


Trepidas são as asas que em florescência despontam invisíveis de teu pequeno corpo.
Sua voz flutuando nas asas do vento como uma melódica sinfonia angelical.
Que em um solfejo cálido escorre sobre meu corpo banhado de corpos celestes.
Embriagado no encanto de teu corpo, minha Concubina envolta em láctea via.
Vejo o mundo passando em grandes flashes de cores difusas.
Seus olhos que em Minh ‘alma navegam, são a âncora que sustenta meu ser.

Em meio ao balanço luxuriante de teu corpo sobre o meu as estrelas incandescem no céu.
O orvalho gélido derramando-se sobre os recipientes de seres que transcendem a carne.
Como gotas de chuva num dia quente, refrigera as peles lavadas em desejo incandescente.
Dos corpos que em comunhão, na relva noturna se enlaçam.
Encaixando-se harmonicamente como partes de um único e primitivo ser.
Que desvanece na inconclusiva bruma que serpenteia o futuro das águas.

Pálida fada que em meus sonhos a melodia única com seus pés de ninfa traçava.
Conduzida pelas notas desencantadas de minhas ânsias profundas.
Despertando anseios tão obscuros quanto o auge do eclipse.
Era o ácido sonho que me consumia as horas que antecedem o ocaso.
Em pensamentos que me conduziam as memórias perpétuas.
Das lascivas noites em que a perolada lua, nossos corpos nus iluminou.


14/03/2013

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...