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segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Minha musa


Sinta o perfume da noite
o cheiro inebriante que impregna o medo
a doce promessa de um sonho que se propagará
nas asas dos teus desejos ocultos

Aspire a agridoce escuridão
que encobre os monstros escusos
flutuando nessa festa macabra
um mundo que só existe em teus pesadelos profundos...

Venha ser o meu anjo
ilumine os recondidos de meu mundo
enobreça o monstro que reside em mim
carregando-me em seus braços de luz

Dance comigo, meu amor
cante uma ode à noite e enlace o seu corpo no meu                
Deixe provar da inocência que reside em teus lábios
transforme-me em um ser redimido e eu serei eternamente teu

Ninfa que encanta os sonhos
de um pobre e cansado pecador que sangra nessas noites vazias que nunca findam
perpetuando-se em ecos ébrios de fracasso
devolva-me o que me foi roubado e faça-me novo

Destrua minha armadura
desnude-me completa e irremediavelmente
e eu flutuarei contigo pela eternidade
perdido nas nuvens de nosso amor que perdurará

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

O eu que vos fala



O eu que vos fala
em versos desatentos e evanescentes
que permeiam no tempo e flutuam nas linhas
é um eu que sangra na ampulheta que nunca se acaba
gota por gota de desilusões e desafetos
amores que ascendem na imensidão dos desalentos cálidos
e viaja em asas atemporais

Esse eu que vos escreve
e que derrama um traço de si em cada letra
deixando para trás um rastro de “eus” que se perdem
em um caleidoscópio de reflexos de um jogo de espelhos
inevitável que se propaga a cada verso
desse conto narrado em vermelho

Oh o eu lírico que flutua acima das nuvens
e cata sonhos com rede de pesca
enquanto devora amores com uma fome inextinguível
sobrevive em um tempo que não pode ser medido
que não existe, mas perdura na imensidão.

Incongruências do amor




As estrelas eram brilhantes
em um céu límpido de pureza lívida
as nuvens eram algodões doces
que inundavam a minha boca
com o seu sabor
adocicado

Os pássaros voavam e meu corpo
flutuava
sem ancoras ou medos patéticos
era o paraíso que construíramos
o desejo entalado em meu peito
Eu era eu como nunca fui
como nunca me permiti
Não havia medo
cada olhar era sincero e a
honestidade e certeza permeavam os nossos
toques
Eramos completamente nossos

De repente
sem aviso prévio
ou traços de alerta
eu me vi desabando
caindo do mais alto pico de sonhos
voltando a terra dos imorais

Os sonhos que tive
ah, os planos que fiz
meu amor se soubesses
o quanto de ti havia em mim
naquela bruma encantada dos amores que transbordam
deixarias que me vazasse um pouco mais
e penetrarias ainda mais fundo em mim



sábado, 9 de janeiro de 2016

O voo das borboletas



Era uma manhã de outono na grande São Paulo e o barulho da cidade despertando vibrava pelo ar. Ele estava sentado no degrau da escada, os olhos inchados de tanto chorar. O nariz repleto de ranho, o rosto desfigurado de dor e descrença. Como isso poderia ter acontecido? Esse entendimento parecia fugir-lhe pelas pontas dos dedos, como uma borboleta faceira e esguia.
Com uma fungada deprimida ele decidiu que era hora de encarar o momento, deixar a dor de lado e ser o homem que ela havia lhe ensinado a ser, com tanto amor, carinho e dedicação durante todos aqueles anos. Arrumou a gravata cinzenta lentamente, as mãos tremeluzentes dificultavam o processo já naturalmente complicado. Um último olhar para o alvorecer, ao longe nuvens escuras despontavam no horizonte. Talvez amanhã chovesse.
Suspirou uma última vez e entrou na casa pintada de marrom, a tinta descascando em alguns pontos, se arrependeu de não ter pintado no verão passado quando a mãe insistira. Pelo canto dos olhos viu na porta os riscos que indicavam o crescimento dele e da irmã. Lembrou-se com tristeza da alegria que sentia a cada centímetro que passava a irmã e do orgulho bobo e infantil que sentiu quando passou o pai na altura, o brilho de divertimento nos olhos do mesmo vendo o filho feliz com algo tão simples.
Caminhou mais um passo casa a dentro, o cheiro do perfume da mãe inundou-lhe os sentidos como um soco na boca do estomago, as flores da mesa de centro estavam morrendo, as pétalas caiam preguiçosamente pelo móvel e espalhavam-se pelo chão de madeira polida com zelo, que agora começava a perder o brilho.
Da cozinha vinha o cheiro de bolo de cenoura e seu coração deu uma guinada de esperança tola, a mão suou frio, os pés aceleraram o passo. De costas a figura remexia nos armários com seu avental de tetris, presente dos filhos em um natal muitos anos antes, as mãos moviam-se ágeis pelas portas. Quase correu a abraçá-la, mas então a figura virou-se e o encanto quebrou-se relevando a irmã. O rosto jovem e com poucas rugas lançou-lhe um olhar triste e piedoso ao ver o espanto no rosto do homem que estacara na porta.
- Desculpe, só tinha esse avental aqui...Eu… Eu pensei em fazer um último bolo… Sabe, para relembrar os bons tempos… Acho que… Acho que mamãe gostaria disso.
A garganta fechara-se, os olhos encheram-se de lágrimas, as mãos ficaram pregadas ao lado do corpo. O ar parecia faltar e o mundo parecia abrir-se sob seus pés imensos, tamanho 43.
- Oh Gabriel, sinto muito, muito mesmo…
A jovem mulher correu para abraçar o irmão mais novo, seu bebezinho, seu tesouro mais querido. Os dois permaneceram abraçados, as lágrimas rolando enquanto o cheiro do bolo de cenoura os envolvia. 
- Anna, o que faremos sem ela? Eu… eu não consigo imaginar como será… - indagou o rapaz, o nó na garganta dificultando a fala. 
- Não sei.
Com um movimento suave ela afastou-se e segurou o mais novo pelos ombros largos, quando é que ele ficara tão grande e forte? Perguntou-se ela enquanto fitava aquele rosto jovem repleto de dor. Ela respirou fundo e disse o que precisava ser dito, sabia que precisaria ser a forte ali, pelo bem da família, sem a mãe por perto a função de manter a família unida seria sua.
- Olha Gab, sei que agora está doendo muito, mas ela não gostaria que ficássemos lamentando, tenho certeza que ela ficaria triste e choraria se nos visse assim, como ela sempre fazia quando vinha consolar a gente, você lembra? - perguntou ela sorrindo, a voz embargada, as lágrimas escorrendo - Ela vinha tentar consolar a gente mais acabava chorando junto...
Os dois riram, a mãe sempre fora uma manteiga derretida, chorava por praticamente qualquer coisa no mundo. Ninguém podia chorar perto de Dona Carine que ela chorava junto, era mesmo uma molenga aquela velha, pensou a jovem com nostalgia.
Com um último afago no ombro do jovem, ela afastou-se e foi tirar o bolo do forno, o cheiro tão bom lembrava a mãe, tudo ali lembrava ela, cada pedaço daquela casa era recheado de recordações maravilhosas, e agora dolorosas. 
- Acho que você deveria acordar o pai para comermos e irmos, está quase na hora.
O jovem acenou com a cabeça e dirigiu-se as escadas, onde encontrou o pai parado olhando para o nada. Preocupou-se, não sabia como lidar com o homem mais velho, nunca haviam sido muito ligados, sempre fora a mãe que lidara com os filhos. O pai apesar de ser bom homem, sempre fora muito fechado e quieto.
Com calma ele aproximou-se do pai e colocou-lhe a mão no ombro, seguindo o olhar do homem. A poucos metros dali uma borboleta colorida esvoaçava dentro da cristaleira antiga, sobre as fotos de família de forma hipnótica. 
- Você sabia que sua mãe adorava borboletas? Ela sempre fora fascinada por esses pequenos animais - disse o homem com a voz de timbre forte oscilando de emoção. Caminhou até a cristaleira e abriu a porta com calma, um sorriso sereno estampado no rosto - mas veja só, como você foi parar aí dentro, pequenina? - Levantou o dedo para o pequeno inseto que pousou delicadamente. O homem então endireitou-se e levou o animal para o jardim que a mulher cultivara durantes anos e que agora era sua responsabilidade.
O filho observava com fascínio enquanto a borboleta sobrevoava a cabeça do pai e depois subia rumo aos céus. O homem virou-se e dirigiu-se em direção a cozinha sem uma única palavra sobre o assunto, e ele jamais falaria sobre aquele momento, mas o sorriso sereno e calmo que estampava em sua face cansada e marcada pelo tempo, anunciavam tranquilidade e paz de espírito, o que deixou o filho mais calmo.
Comeram o bolo enquanto relembravam momentos bons do tempo em que eram crianças, episódios em que a vida lhes tinha parecido infinita e as possibilidades inesgotáveis, e com calma e tranquilidade dirigiram-se a igreja onde diriam um último adeus a mulher que mais haviam amado no mundo e que a sete dias partira, para nunca mais voltar. Mas eles sabiam agora que não era um adeus, era um até breve.

sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Beltane II

Retirei a imagem desse site aqui mas não sei onde eles arrumaram e quem é o artista.


Flutuando na brisa da noite
Cantando em uivos ao luar
As grinaldas de flores silvestres 
Ornamentando os cabelos selvagens
o corpo a balançar no ritmo dos tambores

Rainha da noite
Os olhos dourados a brilhar intensamente
Quero que venha em minha direção
E pegue minha mão
Que me escolha para ser seu

Nessa noite eterna e sem fim
Os corvos crocitam nas árvores
As corujas piam do alto de seus ninhos
Com as luzes da fogueira a reluzir em seus olhos
Animalescos

Ninfa dos bosques 
Filha da terra e dona da sensualidade
A noite só termina quando a aurora chegar
E nessa festa anciente e mágica
Eu quero ser seu

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Talvez, você?



Guardo na alma a tatuagem em incandescente chama
em meu peito a saudade clama pelo abraço que você negou.
Raras são as noites em que não role na cama;
sonhando os sonhos que você abandonou.
Omitindo o desejo que inflama;
nossos beijos prometidos, que você me negou.

Não, eu não sei o que restou desse sentimento adormecido;
e o que persiste em meu peito sem motivo;
tudo o que eu sentia deveria ter desaparecido.
Oh triste desejo que me consome e mantem cativo.

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Anacrônico

Não sei a quem pertence a imagem, por mais que tentei encontrar, não achei a fonte original dela. 
Agradeço se alguém souber e puder me dizer. Obrigada.



Sentindo o vazio a solidão penetra por baixo da porta. Somos seres tão tristes... Observando os carros passando e as luzes brilhando... Brilhando. A lua na imensidão saindo de foco. A garrafa escapando por entre os dedos. Buscando sentir o infinito. Os braços estendidos em direção a via láctea. Os olhos abertos, o sorriso estampado. O mundo é um borrão colorido, repleto de vida e pulsa dentro de você. Você se sente parte de algo. As mãos se tocam desesperadas buscando conforto. Os lábios afoitos se buscam. Somos seres tão tristes e vazios... O suor escorrendo pelo corpo em movimento rítmico. Os ruídos ascendendo aos céus, a fricção dos corpos harmoniosamente flutuando pelo apartamento pequeno. As mãos agarrando-se  buscando conforto. No ápice há a constatação, o vazio chega como um soco no estomago. Sentindo tudo, as ondas de desespero. Um nó se formando na garganta, as lágrimas silenciosas escorrendo pela face borrada de maquiagem.... Somos seres tão tristes... Todo seu ser parece encolher. Não existe nada no mundo, somente o vazio. Com desespero você procura algo que te faça sentir parte de algo. Ansiando pertencer a algo que tenha um significado maior do que tudo isso. A vida não deveria ser algo bom? As luzes a piscar em sua retina, os prédios repletos de pessoas vazias vivendo suas vidas medíocres. As pichações contrastando em prédios precários. Os passos ecoando no silêncio. O frio a doer os ossos, os cabelos a voar ao vento. Ah a noite é tão linda. As estrelas no céu são um borrão tão lindo... Somos seres tão tristes... tão tristes... Sentada em um vaso em um lugar qualquer, você sente o mundo girando. Só um pouco... E respira fundo, sentindo a química invadir o seu corpo. Somos seres tão tristes... A sua volta sorrisos de plástico explodem e brilham no ritmo da música alta. Seu corpo se movimenta rapidamente, a vida é um carrossel de sensações, as bocas se beijam, se invadem, se devoram. Os corpos misturados em meio aos lençóis, enroscando-se enquanto o sol nasce no horizonte. Você já não sabe quanto tempo faz ou que dia é hoje, tudo o que importa é sentir algo, sentir tudo isso. Buscando o significado de tudo e tentando entender que diabos é o objetivo por trás. As luzes brilham em seus olhos de vidro. Vazios. Desesperados. Somos seres tão tristes... Tudo o que você deseja é saber porque, é ser amada, é saber que valeu a pena. Os dedos moles e molhados caem em torno das pernas. A poça vermelha a inundar o chão do banheiro de um lugar que você já não sabe onde é, mas isso já não faz diferença. Sentindo tudo isso. Os olhos se fecham e uma última lágrima escapa dos olhos que já não veem. Um último suspiro, um ultimo sopro de vida e então se foi. Somos seres tão tristes... tão tristes... Eu vejo você caindo, seus olhos se fechando e escuridão a absorvendo, talvez haja tempo. Mas ah somos seres tão tristes e eu já não sei para onde vou.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Efemeridade

Imagem retirada do Google imagens e não encontrei o autor/dono da mesma,
 se alguém souber, por favor me avise.

Aquilo que fui se perdeu no tempo
e foi esquecido.
Aquilo que um dia existiu
padeceu e sumiu.
Aquilo que foi significativo
evaporou na brisa do ocaso.
Aquilo que pensei
evanesceu num sopro agridoce.
Aquilo que foi promessa
nunca se cumpriu.
Aquilo que deveria ter sido
jamais foi.
Aquilo tudo que foi sonhado
perdeu-se na vida.
Aquilo que era doce
amargo se tornou.
Aquilo que eram curvas voluptuosas
virou pó.
Aquilo que era chama
transformou-se em cinzas.
Aquilo que foi história
o tempo apagou.

terça-feira, 9 de junho de 2015

Menina



Doces são as palavras que saem de teus lábios
Em harmonia celestial a dançar em meus ouvidos de menina
Mil promessas a rodopiar em valsa cósmica em meus sonhos
divinos beijos a roubar o sono

Coloridas são as fitas que rodopiam
por entre os dedos finos sedosas e vibrantes
Enfeitando os delírios, os cabelos, o corpete
um desejo a vibrar no peito

Doce é o vinho que me toca a língua
e o calor que de súbito sobe em minha face
incendiando minh'alma
ocultando meus medos

Coloridos são os olhos que me fitam
por sobre a mesa farta com paixão
azul e verde efervescentes e cálidos
um convite

Doces são os lábios que tocam os meus
que queimam minha pele e me fazem nova
me levam ao céu a cavalgar a  imensidão celeste
nessa noite prateada em que menina deixei de ser

quarta-feira, 6 de maio de 2015

A Fugidia Poesia



A poesia me escapa;
Por entre os dedos como a água da nascente pura;
Por entre os lábios entreabertos em suspiros densos;
Pelo suor que escorre por minhas costas nuas.

A poesia me foge e não sei como pegá-la de volta;
Como uma borboleta serelepe;
Ela flutua sobre minha cabeça, rodeando-me;
Mas sempre desvanece quando meus dedos a tocam.

A poesia foge.
Corre faceira por entre os campos e campinas.
Onde com a vista embaçada vejo-a ao pôr do sol.
Docemente sentada na relva, mas como miragem, some quando me achego.

A fugidia poesia flutua no vento;
Como folhas secas no outono a serem levadas ao acaso.
Suas cores anunciam o inverno soturno.
E me preocupo como poderei viver sem a poesia a acalentar-me nas horas frias.

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