expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Vórtice: em meio a inconstância do querer (Parte II)

_Boa noite adorada prima – disse ele inclinando a cabeça em sua direção em um comprimento completamente polido – e... Belas damas que a acompanham – dizendo isso ele pega mão de todas, uma por uma, de forma tão galante, que as pobres, após esse gesto realizado por ele com extrema maestria, se encontravam totalmente atordoadas dando sorrisinhos bobos.
Evelyn se sentia sufocar com a proximidade de Ethan, e o roçar de sua pele na dela lhe causavam lembranças indesejadas “por Deus, como o quero”, pensava ela em desespero por saber que por mais que ela necessitasse se afastar dele, sua necessidade por ele, era ainda maior.
Com toda a determinação existente em seu corpo ela conseguiu manter um dialogo agradável com as moças; Niniane, Genevieve, Maline, e ao mesmo tempo com Ethan.
Os minutos se arrastavam, transformando-se em horas e, após um tempo ela se viu irritada com Ethan, pois ele se mostrava totalmente jovial e despreocupado flertando abertamente com todas as suas amigas, enquanto ela se esforçava ao máximo para que sua voz saísse firme e não em sussurros.
Evelyn não compreendia como poderia ser tão influenciável e se recriminava mentalmente por mudar tão facilmente de opinião, já que, minutos atrás estava decidida a nunca mais permitir-se ceder a tentação de tê-lo junto a seu corpo, e agora sentia um desejo quase irrepreensível de agarra-lo pelo colete preto que torneava perfeitamente seu peitoral, joga-lo no canto mais escuro do salão e toma-lo como seu novamente, sem ter que se preocupar com o que pensariam a seu respeito, afinal eram todos uns fofoqueiros hipócritas, que poderiam ser comparados a urubus, que sobrevoam o ceu sempre a espera de uma tragédia, para então devorar o coração dos envolvidos, afinal, a chantagem era a moeda de troca mais utilizada na corte.


 

“Porcos hipócritas”, pensou enfurecida, se com si mesma ou com os outros, Evelyn não saberia dizer.
Ethan, com um prazer insipido e malicioso apreciava com total satisfação o esforço que a prima fazia para controlar-se frente as damas da corte, vendo seus flertes despreocupados com bem diante de seus olhos, damas das quais ele nem mesmo lembrava o nome, mas se mostravam totalmente inclinadas a ceder-lhe seus encantos.
Pois, apesar de a virgindade ser extremamente valorizada naquele pais, o que era ridículo para Ethan, as moças da corte, que não eram nada bobas e passavam longe da inocência, sabiam muito bem como satisfazer-se sem que fossem de fato defloradas.
E ele o sabia, não por experiência própria, pois sua primeira, e única, fora Evelyn, mas sim por meio de seus amigos, já que eles com frequência se deleitavam com  os prazeres oferecidos por tais “donzelas”.
E olhando para Evelyn, Ethan sentiu-se tomado por um súbito medo de que outro a tivesse tido antes dele, visto o modo como o branco de sua pele ficava com uma cor encantadora e resplandecente da lua a banhava, o modo como seus lábios ficavam incríveis entreabertos, o modo como seus cabelos vermelhos pareciam fogo espalhado sob seu corpo... Sem surpresa alguma ele percebeu-se hesitante e temeroso quanto a esse fato, afinal ela fora sua primeira em tudo, seria egoísmo ou tolice desejar que também o fosse para ela?
Pelo canto do olho ele pode perceber o modo como os olhos de Evely faiscaram quando ele se inclinou na direção de Maline tomando-lhe a pequena mão branca como a mais pura porcelana entre as suas calejadas e grandes para beijar-lhe levemente, mantendo seus olhos fixos com os da moça.
Ela já não podia suportar o desgosto que isso lhe causava e com uma fúria crescente, percebia de forma cada vez mas clara que tudo aquilo que o maldito fizera até aquela hora, todos os gracejos, os flertes..., fora para afligi-la. Sentindo-se nauseada e estupidamente magoada, despediu-se cordialmente de suas amigas e partiu em direção a sacada mais afastada e que lhe possibilitaria uma vista belíssima do bale que cercava o castelo.
Seu vestido espartilhado parecia comprimir lhe o peito, ou era sua dor? Ela não sabia, sentiu o mundo rodar a sua volta quando se encostou a mureta que circundava a sacada.
Evelyn odiava a ideia de saber que Ethan estava se divertindo as suas custas, zombando dela com seus amigos, a risada aguda e masculina deles, que por tantas vezes ouvira com prazer, parecia perpetuar-se por suas veias, atingindo em cheio seu coração que agora sangrava, seu amor escorrendo gota por gota através de suas lagrimas incontidas.
Enquanto isso no salão Ethan a procurava em desespero, ele não notara quando ela se retirara de sua presença, em um momento estava ali, sua presença quente e envolvente ao seu lado, e no outro, já não estava, havia sumido deixando ao seu lado somente o frio. Ele a procurava em meio a multidão que dançava animadamente pelo salão.
Lembrou-se então que ela não apreciava muito o  ar abafado que continham os salões de baile quando muita gente neles se reunia, pelo contrario, ela sempre adorara caminhar pelos jardins para respirar ar fresco, mas, lembrou-se ele, ali não haviam jardins, pelo menos não belos o suficiente para atrai-la. Mas existia uma sacada com uma vista belíssima do vale e no mesmo instante em que teve esse pensamento, teve certeza de que era lá que ela estaria.
Ethan mudou então de rumo dirigindo-se para o extremo sul do salão, onde sabia, localizava-se a sacada com a vista mais bela e também mais distante e menos frequentada.
E ao chegar lá deparou-se com uma cena que nunca esqueceria e o perturbaria pelo resto de seus dias, como um espectro noturno sempre a espera de uma oportunidade para esgueirar-se por seu ser trazendo consigo a dor da lembrança.




CONTINUA


Comente com o Facebook:

Um comentário:

  1. Querendo demais saber o que vai acontecer, o que ele viu, porque sei que é algo que vai me dar um medo/angustia. Adoro o clima sombrio e romantico desse conto...

    ResponderExcluir

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...