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segunda-feira, 9 de julho de 2012

Os Sete {Parte VI}


Gula
Enquanto você procura de todas as formas imagináveis um corpo perfeito, ele te tenta no ócio a buscar aquele delicioso e irresistível prazer de fácil alcance. Mas se ele já não te inspira esse anseio, a quem você culpa por seus deslizes gastronômicos



Pela manhã do sexto dia a Gula adoeceu, ou melhor, o Gula, já que apesar do nome feminino o glutão era um homem, baixinho e obeso, de olhos roliços e monocelha.

Naquele fatídico dia, Gula apesar de lhe levarem os mais diversos e deliciosos pratos não possuía apetite algum e quando, por protesto a sua infeliz condição, cometeu o erro de obrigar-se a ingerir algo, botou até os bofes pra fora, junto de lágrimas salgadas e infindáveis.

Todos da casa foram amontoar-se no quarto do pobre, que era muito querido por todos eles, já que, contando que sempre tivesse comida ao alcance de seus dedos roliços, era portador de uma personalidade de veras amável e encantadora.

Os sete, excetuando o belo Orgulho, choravam copiosa e infelizmente suas pitangas, cada um e todos por suas próprias e compartilhadas dores.

Parecia um circo de horror, a histeria era tanta que Orgulho, com modos de quem não quer nada, partiu em direção a casa da Ardilosa “para tomar uma bebida” e “fazer-lhe companhia”.

A Morte, compreendendo o que ele desejava em silencio, sem se atrever a verbalizar seu pedido, disse-lhe que “não podia ajudá-los” e recomendou-lhe que fizesse um 0800 pro escritório celestial e agenda-se uma entrevista domiciliar com algum dos anjos de plantão.

Cabisbaixo e solitário o Orgulho saiu da casa da bela temida por todos e dirigiu-se ao carvalho partido pela tempestade. De lá fez a ligação para um anjo, colega de bar deu, que trabalhava, por acaso, no escritório celeste.

A conversa foi rápida, pois a situação era gravíssima, mas o escritório só poderia enviar alguém para averiguar a coisa toda, no dia seguinte.

A essa altura a noite já descia pesarosa, seus negros e densos panos, sobre a casa sétima. Abalado, o inabalável Orgulho, abalado dirigiu-se ao seu quarto para “encher a cara”.

-Equilíbrio! Ao inferno com essa merda hic. Malditos anjos...

Do outro lado da casa, em um quarto soberbamente recheado de mini-geladeiras que as pessoas de “catiguria” chamam de frigobar, os 6 exuberantes paspalhos amontoavam-se aos choros, ainda reclamando suas pitangas, que pareciam não ter fim.

E naquela noite na Terra, ninguém repetiu a janta ou atacou a geladeira durante a noite.


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Divulgação


           Cá estou, foragida da nave "final de semestre do último ano da faculdade" para fazer uma divulgação muito importante (e legal) para aqueles que, assim como eu, adoram escrever e, além disso, curtem um desafio. 
       O anúncio é o seguinte; no mês de julho, estará ocorrendo um concurso literário na Irmandade (airmandade.net) um site de Litfan que é muito bom e reune diversos autores do gênero fantástico, ou seja, se você escreve literatura fantástica, ali é o lugar perfeito para divulgar seu trabalho. Para tanto você possui duas opções; contribuir para o site com seus textos, e/ou participar dos desafios/concursos do site. Além disso, é um ótimo lugar para ler artigos científicos sobre a Litfan, assim como contos e resenhas.
         Mas, voltando ao Prêmio Henry Evaristo de Literatura Fantástica, o "concurso" tem a finalidade de estimular a produção literária no gênero terror, horror e sobrenatural, concedendo inclusive prêmios para os melhores, do primeiro ao décimo lugar, que será o número de contos escolhidos para compor o e-book que será lançado pela irmandade com esses 10 melhores, o prazo para as inscrições e, consequentemente o envio de trabalhos é até 31 de julho.
          Para saber mais acesse: http://airmandade.net/contos/premio-henry-evaristo.html


XoXo ;*

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Rosa de gelo




Camadas de glacial gesso recobrem tua cândida alma.
Num pérfido abraço em que em Samhain se encolhe.
Derramando-se pela finitude de teu canto os sepulcrais versos.

No enclave dos pecados esquecidos.
Virginais favos retêm-se na porcelana etérea de teu corpo.
Em que a roseira bela adormece.

Doce geada que acalenta teu corpo quente.
Na mascarada dor que lhe rasga em fiapos.
Os calejados sonhos petrificam-se em gelo.

domingo, 3 de junho de 2012

Os Sete {Parte V}



Preguiça 


   Quando você deseja algo que não possui força de vontade suficiente para buscar, você os culpa, lançando lhes seus fracassos na face. Mas quando eles já não podem ser acusados, a quem você culpa por suas desditas?

      Uma chuva torrencial e inatural castigava à chibatas a mansão dos 7, como se fosse um reflexo do humor dos próprios Marters, que se pudessem, destruiriam tudo.

       _Equilíbrio! Quem é que precisa de equilíbrio? – afirmava o Orgulho de dentro de seu impecável Armani Negro – Quem foi que disse que precisávamos respeitá-lo? – Refletia ele nervoso.

         Trovões ressoavam retumbantes. Por toda a parte o clarão dos raios iluminava cada canto obscuro da mansão, que, além de tudo, encontrava-se sem energia elétrica devido ao mal tempo.

       Aliás, até mesmo a reclusa e não-muito-social Ceifadora divina se encontrava banida a escuridão e a luz fraca das velas e lanternas.



Lápis quebrado


Lápis quebrado, sonho partido.
A água que sustenta meu corpo, não Minh ‘alma saciou.
Freio estragado, página arrancada.
No suspiro perdido, o coração vazou.
Foto queimada, olhos marejados.
Nas paredes de Dresden o cheiro ocre do medo ficou.
Folha ao vento, pé no chão.
No luar, garras de aço os sonhos podou.
Caneta na mão, asas na alma.
Na mente de poeta, não há paredes.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Devaneio



No labirinto das vaidades emplumadas.
O aroma da rosa espalha-se como gás venenoso.

Na aurora dos dias plácidos e sedentos.
A cálida brisa carrega nas asas uma pétala vermelha.

No céu uma nuvem branca pode esconder uma bomba.
O espinho o coração do rouxinol não sangra.

Nas veredas da nevoa que o tempo anseia.
A gota de orvalho do seio pálido escorre.

Nos flácidos e gélidos sorrisos de malva-rosa.
O canto da cotovia anuncia o descer das cortinas.

Na água cristalina que escorre pelas veias.
A poça  de sangue em seus pés anuncia o fim da estação.

No brilho do sol em seus olhos graves.
O tempo corre como fitas de cetim negro nas mãos das Moiras.

Na cantiga de ninar que ecoa nas trevas.
A intempestiva orquestra celestial não erra.

No soluço estrangulado no gelo.
O beijo sedento, no vinho afoga-se.

Nas pedras inóspitas e cinzentas.
A uma rosa vermelha, denomina-se milagre.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

No relicário


         Noite passada, após ter permanecido o dia todo organizando o sótão de minha nova casa, deitei-me na cama macia, desejando mais do que qualquer coisa dormir. Mas não pude sequer roçar os dedos nos véus da inconsciência, ela me negou fervorosamente teus braços e o descanso de que eu tanto necessitava.
         Senti-me exausta, mas ainda sim subi para o sótão novamente. Havia algo ali que me atraia; um sopro, uma sensação, que tornava aquele, o meu lugar preferido daquela casa.
         Acho que conhecer um pouco mais de meus antepassados contribuía para isso. Eram fotos, diários, livros e objetos encantadores. Tudo ali cheirava a antigo e a mistério... História.
        E sempre me seduziram de forma especial as histórias, principalmente as baseadas em fatos reais, mais ainda as que contribuíram para meu nascimento.
Por dias me vi consumida por caixas e caixas de recordações, absorvendo tudo, organizando por época e ramo familiar.
        Eu mal comia e bebia, não conseguia convencer-me a sair de meu mais novo vicio, meu reino encantado do qual fora privada durante anos.
        De fato, quando vovó morrera a casa ficou para mim. Ela e tudo o que houvesse nela, já que  eu era sua neta preferida e minha mãe não se interessava por essa casa em que as paredes pareciam contar contos e cada rachadura, cada lasca de tinta, cada móvel...               Representavam vidas e histórias de nossa família.
       Ela provavelmente venderia o terreno e demoliria a casa.
       Não, vovó nunca perdoaria algo assim, por isso deixara para mim o seu maior tesouro, deixando aos outros netos, pequenas posses que lhes seriam de melhor agrado.
       Ela sabia que eu cuidaria bem de nossa casa, essa casa que tem sido nossa por várias gerações...
       Vovó... Quanta saudade sentia dela e seu olhar caramelado repleto de mistérios que nunca pude decifrar. Eu jamais fui capaz de compreendê-la, e, após sua morte, eu precisava de um tempo antes de poder voltar para esse lugar em que cada cômodo possuía tantas marcas inesquecíveis de sua presença.
       Então, cinco anos se passaram até que eu pudesse voltar a minha terra natal.      Abandonando emprego e casa eu fugira da capital e voltara ao interior para um retiro em que organizaria minha vida com calma. Era necessário após todas as tempestades que a assolaram.
       E uma semana após a minha chegada, algo que só posso denominar como “um fato muito interessante” ou “uma descoberta encantadora” aconteceu. Enquanto eu me levantava do chão em que permanecera sentada por horas, apoiei-me com a mão direita sob a madeira do piso, mas minha mão afundou-se fazendo com que eu perdesse o equilibro , caindo estatelada no chão.
       Por sorte não houveram grandes prejuízos ao meu corpo, somente pequenos cortes. E enquanto eu retirava minha mão do buraco, meus dedos rasparam em algo, o que aguçou a minha curiosidade de pesquisadora e mulher.
       Tateei no escuro com o coração aos saltos, curiosidade correndo em minhas veias no lugar de sangue.
       Após algumas tentativas consegui tirar do meio do piso de madeira um pequeno relicário de madeira negra com pequenas tulipas entalhadas.
Minhas mãos tremiam de êxtase enquanto eu o trazia para perto de mim. A expectativa doce e saborosa bombeando em minha alma.
       Tantas duvidas e segredos... A quem pertencerá esse relicário?
       Lentamente abri a tampa, saboreando a sensação de desvendar algo. Eu me sentia uma intrusa invadindo a privacidade de alguém, o que me causava pequenas palpitações de culpa, que eram totalmente sobrepujadas pelo meu desejo de descoberta.
       No topo da pilha de papéis, havia uma tulipa enegrecida, ressecada pelo tempo, que se dissolveu ao meu toque, deixando para trás fragmentos do silencio de uma história que somente ela testemunhou. Um possível beijo e um perfume dos quais só ela compartilhou, agora, perdidos para sempre.
      No lugar onde antes estivera a tulipa, entrava-se um montículo de cartas amarradas por uma fita vermelha de cetim.
      Eu as segurei como uma mãe que, amorosa, embala o filho que se ferira, consolando-as como se tivessem sentimento, e talvez tivessem.
      Vagarosamente abri o laço que as envolvia e passei a leitura delas, as cartas de minha avó... Sofia.



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Quando



Quando as janelas de minha alma por fim cerrarem-se.
Meu único desejo é que estejas a minha espera com teu sorriso incorpóreo.
A resgatar-me das trevas para que nossas almas tão cedo separadas.
Possam tornar-se um único e perfeito ser assim como no inicio dos tempos.

Quando meus olhos já não puderem a beleza da aurora.
Acalentando em teus róseos braços a escuridão em teu ultimo suspiro.
Anseio que pegues minhas mãos tremulas.
E me guie pelos desconhecidos véus.

Quando nas rugas do tempo meus passos se findarem.
Deixando para trás um corpo cansado e uma lacuna evanescente.
Quero que saibas que nunca o esqueci e que sonho que estejas a minha espera.
Nos grandiosos e imaculados prados primaveris.

E quando meu coração findar sua balada encantada.
Num ultimo e sôfrego batimento.
Saberás que todo seu esforço foi por ti e a promessa de dois jovens.
E viras solicito segurar minha mão.

Quando de meus lábios exaustos.
Um suspiro final com cheiro de meta cumprida escapar.
Sentiras no mesmo instante.
Que em breve estarei junto a ti.

domingo, 6 de maio de 2012

A menina e o cata-vento vermelho

A menina e o cata-vento vermelho



Com um pirulito na boca e um cata-vento na mão, ela não buscava entender o mundo e seus dilemas universais, ela só sentia.
Acordava todos os dias, verificava seu estoque de máscaras, uma para cada situação do dia, uma “dela” para cada pessoa. 
Em seu jogo de máscaras, ela simplesmente interpretava seus personagens, sem jamais se perguntar porque o fazia, era automático, era o que todos faziam.
Porque com isso não se preocupava, ela era feliz.
Aquela pequena que ninguém entendia porque sorria. Aquela mulher que não derramava sua alma em gotas, mas por vezes sangrava. 
Não sabia porque sorria e muito menos porque empenhava-se em fazer rirem os outros.
Mas ela compreendia melhor que todos que conhecia, o calor que um simples sorriso traz, e entendia que cada sorriso é como uma chama no inverno eterno e denso que assola a vida de alguns...De todos.
Aquela garota, que não buscava dar nomes e denominações a tudo, mas por dentro, soluçando, conhecia a dor que o ser humano, que já nasce sabendo de decadência por isso chora.
Ela, que era cheia de defeitos, vícios e desejos obscuros, não era melhor nem pior que ninguém. Ela só queria viver do seu próprio jeito singular, sem ser apontada ou acusada com olhares feios na rua.
Aquela criatura singela, que não queria nada, mas ansiava por tudo com um desejo tão grande que não sabia por onde começar.
Essa garota, era eu, errando pela vida como um cata-vento. 
Sendo soprada pela vida a fora, por uma brisa repleta de gente, que nunca será capaz de conhece-la por completo.
E ventos de circunstâncias, que ela, nunca compreenderá.

sábado, 5 de maio de 2012

Desejo




Sempre que dormia, gritando acordava.
De seus macabros sonhos ela não se livrava.
Seu perverso pecado neles confrontava.
Relembrando a cena em que de castos lábios, beijos roubava.

Sempre que dormia, suando acordava.
Em seus pesadelos malditos de um corpo proibido provava.
Com uma sede inexpugnável que a controlava.
Desejando gemer, ela gritava.

Jamais confessaria que aquilo que era casto a luz do dia.
Durante a noite maculava.
No fundo sabia que de abstinência de amor seu corpo sangrava.
Mesmo assim ao acordar se torturava.

Rasgando-se em tiras, seu corpo flagelava.
Não podia aceitar o que desejava.
Mas do fundo da alma por aquilo ansiava.
Chorando para esquecer, pecava.


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