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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Através do vidro


Você é um gigolô, eu uma prostituta. Escravos do prazer, presos em caixas de vidro que são nosso próprio limbo, atados a uma vida que não escolhemos, somos esteticamente perfeitos, maquinas de prazer que não podem encontrar o seu, como robôs em pele humana, destinados a existir como ratos de laboratório.
Mal sabem eles que meu coração é como uma caixa de pandora, que quando aberto liberou todo o mal que existia em mim deixando para trás somente uma luz opaca e frágil de esperança que é o que me move a cada dia que nasce dentro de minhas masmorras glaciais.
E eu o observo, vejo seus olhos negros, sua pele sedosa...Seus cabelos curtos...Sua boca e sorriso perfeitos...Seu cavanhaque que nunca fica perfeito...Eu vejo tudo, assisto a tudo, enquanto outras bocas tocam a sua, outras mãos lhe acariciam e outros corpos sentem prazer sob o seu...
Assim como você assiste a tudo que acontece comigo nesse universo transparente que nos cerca, uma bolha imunda e corrompida que nos separa do mundo.
Será que você sente o que sinto ao me ver gemer para outros? Será que entende a dor que me perfura sempre que assisto a outras tocar-te enquanto estou tão perto e ao mesmo tempo tão distante de ti?
Eu tento fingir, ignorar o que sinto, fugir de mim mesma e esconder-me em meio aos escombros de minha alma. Mas até mesmo em meu refugio seus olhos me queimam e contemplam, eles são como um fogo puro que me purifica sempre que sob mim recaem. Quando você me olha, é como se o mundo fosse mais bonito e tudo fosse possível.
E nas noites, quando o movimento se extingue e podemos ter paz, é o momento em que nas extremidades de vidro tocamos e quase podemos sentir o calor um do outro, nossos olhos se encontram destemidos e apaixonados enquanto nossos corpos buscam desesperadamente se unir.
É o momento mais doce e doloroso do dia, é te ver tão perto e não poder toca-lo, é saber que me pertence, mas não pode ser meu.
E apesar de nunca ouvir sua voz, nem tocar teu corpo, acariciar seu cabelo ou saber como veio parar aqui, eu sei que o que sinto por você, é a única coisa pura e limpa que habita em mim, que ninguém nunca será capaz de corromper.



domingo, 18 de dezembro de 2011


Tenho na alma um grito preso.
Um desejo intenso que ameaça me consumir sempre que penso.
Nas noites em claro.
Nos suspiros poéticos e nos versos que a isso dediquei.
Nos beijos doces e sensuais que não provei.
Nos passeios ao luar que não realizei.
E na unificação de corpos que jamais existirá.

É ai que paro e reflito...
Não voltaria no tempo e nem faria diferente.
Foi intenso e abstrato.
Nesse mundo de distrato.
Foi a tempestade em meio a calmaria.
E eu não sei se gosto da calma.

Mas agora meu coração tem sede de um amor que não provou.
E a pele, de um carinho e contato que ficaram na promessa.
Palavras que o vento levou e a chuva apagou.
Deixando somente o cheiro fresco de uma nova era.
Um novo começo que não se espera, mas sempre acontece.

Escrever...


Eu escrevo para mim. Meus versos são escritos com sangue e alma, há nele partes de mim que eu nem sabia existir, a cada poema que escrevo me conheço mais e me sinto mais leve. É um desabafo doce. Um tormento prazeroso. É como beber veneno e urinar remédio. As vezes me pergunto se todos os meus versos fluem de mim e me usam de intermediaria ou são eu, a essência que habita por baixo da pele, dos olhos e dos estereótipos. Escrever é como brincar de caça fantasmas, expurgando seus medos e desejos, as vezes sonhos e delírios, em forma de arte, ou, poesia.


Sim, eu sei que isso não é uma poesia nem nada do tipo, mas me deu vontade de escrever e eu o fiz, afinal o blog é meu rs, agradeço a cada um que o lê, acessa, segue, curti, odeia e etc. Obrigada ;)


sábado, 17 de dezembro de 2011

Em teu dorso


Cavalgando nas costas de meu garanhão
Eu vejo o mundo passar borrado
Uma mescla de cores frias e quentes
Cheiros e sabores que me enlouquecem

Flutuando pelas águas e pelo vento
Sei o que quero e busco
É como um imã que me puxa
Me arrastando para si

É irreversível e irresistível
Sempre que vejo teus olhos me sinto afundar na imensidão do céu
Vagueando por entre as brumas de meus desejos mais profundos
Sentindo teu toque na alma

No embalo que me encanta
Através de ti eu sinto o mundo pulsar de vida
Doce e amargo...
Misteriosamente delicioso


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Doce veneno


Sei que é meu veneno e vai me matando aos poucos, mas quero solvê-lo até a ultima gota, mesmo que isso me mate.
 É como saber que a morte se encontra atrás da porta bem a sua frente e mesmo assim não resistir a tentação de abri-la. 
É um desespero tênue, uma resignação doce que te faz prosseguir e ir além do que achava que era capaz. Te mostra que você sempre esteve errado sobre você mesmo, e que seus limites são feitos para serem quebrados. E descobre que mesmo com o coração e a alma rasgados em pequenos pedaços de retalho, você prefere tentar costurá-los, pedaço por pedaço, com pequenas linhas de felicidade e afeto, do que esquecer tudo aquilo que passou. Pois sentir, mesmo que doa, é melhor do que não sentir nada.
E você simplesmente não consegue imaginar-se completo sem aquela presença, que é como tortura. Sendo ao mesmo tempo a solução e o único problema que você não sabe como resolver, por mais que você se esforce, não consegue entender.
É como afogar-se em vinho tinto, a ausência do ar arde e te machuca, você sabe que morrerá se não fugir, mas o sabor doce do vinho a descer por sua garganta, adoçando o amargo da vida é simplesmente irresistível. 
É algo inexplicável, que nem você acredita, te faz querer gritar consigo mesmo, chorar e se recriminar por ser tão deprimentemente solitário ao ponto de aceitar certas coisas. Mas ao mesmo tempo você simplesmente sabe que isso é sinal de que você é maduro o suficiente para saber que ninguém é perfeito, você não é, como pode exigir que os outros o sejam e não errem?
É como uma brisa fresca num dia de verão em pleno deserto, que te dá esperanças para continuar mesmo contrariando todas as expectativas.
O amor é... É um veneno doce, as vezes machuca de tanto prazer ou felicidade, já em outras te rasga ao meio de dor fazendo você desejar simplesmente fechar os olhos e não abrir mais, somente para não ter que enfrentar essa dor.
O amor é pleno, carrega com ele todos os outros sentimentos, como parceiros de caminhada, eles são inseparáveis e se você o deseja, deve aprender a conviver com todas as faces dele e aceita-las, é a única forma de aprender a amar.




quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Procuro alguém


Eu procuro alguém que me chame de sua,
Que grite comigo se for preciso.
Que me vire do avesso, me olhe nos olhos.
E me diga com atitudes que lhe sou cara.

Eu procuro alguém...
Que eu não devia procurar, pois tudo aquilo que procuro não encontro.
E o que encontro nunca é o bastante para mim.
Assim como eu pareço nunca ser o bastante...

Eu procuro alguém que não me engane.
Que seja sincero mesmo que me magoe.
Porque eu prefiro a dor da verdade.
Ao regozijo da ilusão.

Eu procuro alguém...
Assim como todo mundo.
Um companheiro e parceiro de caminhada.
Para me dar a mão quando eu já não tiver forças para prosseguir.

Eu procuro alguém que me ensine.
Que me ensine a amar.
Porque meu coração quebrado parece ter esquecido.
E sinceramente tenho medo.

Eu procuro alguém que me ame do jeito que sou.
Sabendo dos meus defeitos e limitações.
Para que eu também posso ama-lo
com defeitos e tudo.

Eu... Eu procuro alguém
que me mostre o céu.
Porque do inferno eu já estou cheia.

Fada encantada


Fada encantada dos meus sonhos de vidro.
Perdida no limbo de seu próprio destino.
É por ti que grito acorrentado à meus medos sangrentos.
Olhando nos olhos da peste pútrida que tu és.

Fada encantada que é puro tormento.
Acalenta meu peito que nada no fel.
Com sangue a escorrer das artérias como mel.
Leva a dor que me rasga com unhas outrora conhecidas.

Fada encantada perdida no pântano dos desencantos.
Já não sabes quem és nesse mundo hediondo.
Onde a dor se multiplica como pequenos cogumelos.
E o sabor se torna cada vez mais amargo na boca.

Fada encantada que outrora foste bela.
Mas hoje és fria como um iceberg.
Sabes o que és? Sabes quem fostes?
Fostes a mais bela das graças que a dor do mundo um dia estragou.


Obrigada Sofia Geboorte pela imagem :)

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Amado lobo encantado


Nas asas de um anjo negro de medo
Meus sonhos desvanecem-se no vento frio
Inundando minha alma de languido desespero
Que me corrói a pele como ácido que me faz queimar

Minhas unhas compridas e vermelhas mesclam-se com seu sangue quente e efervescente
Que me chama e me clama
Num grito mudo e desesperado que faz meu corpo delirar
E o desejo que consome minha carne é como uma possessão
Não tenho controle sobre ele...
Não há como.

Nessa noite de lua cheia onde os mortos das tumbas ressurgem
E o fantasma de meu passado caminha ao meu lado com garras pútridas
Querendo rasgar-me em frangalhos
Cortar minha carne em pequenas tirar dolorosamente pequenas

A lua faz com que eu possa vê-lo brilhantemente pálido à luz da lua
Com seus olhos escuros como o breu a fitar-me...
Eles não me acusam, nunca o fariam...
Mesmo que o gosto de seu sangue ainda esteja tatuado em minhas glândulas salivares...

Eu não pude conter o monstro que existia em mim como você fizera com o seu.
Eu precisava deixa-lo sair...
Mas o que eu não queria era vê-lo partir.
Não mergulhado em vermelho a afogar-se em seu próprio sangue...
O seu pelo negro era sedoso e brilhante.
Nossas noites tranquilas e belas...

Eu só queria poder tê-lo de volta.
Mesmo sabendo que a culpa de tudo sempre fora minha.
E eu viveria com ela para sempre, sem ter o sossego nem mesmo na morte.
Pois os mortos não podem morrer.

Mas tudo o que me resta é esperar...
Em todas as noites esperar por teu fantasma alquebrado.
Preso a esse mundo assim como eu.
Meu lindo e doce lobo encantado, que era o que valia  a pena nesse mar de desalento e tormento.




segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Cheiro de sangue


O cheiro de sangue e carne podre me enojam
Em meu estomago o ácido borbulha e gira.
Sob meus pés, o chão está mole e grudento como lama;
Mas isso não é lama.

E memoria da noite anterior é fresca em minha mente.
Seus ossos descarnados.
De onde a carne gordurosa e vermelha;
Caia em pequenas tiras sanguinolentas.

Nada restara de nossos sonhos.
Tudo se fora com um simples empurrão.
Um mero azar...
Ou simplesmente destino, tanto faz.

E você já não respirava.
Seus olhos permaneceriam vidrados...
Pelo menos até que os peixes o comessem.
Ou corvos, quem sabe.

Mas o mais triste era assistir a tudo.
Vê-lo partir, sem que eu pudesse ao menos me despedir.
Nem me mexer tão pouco.
O gosto que a sensação de derrota deixara em minha boca, era como maça podre.

E ele o fatiava, em pequenas tiras cortava sua carne.
Eu simplesmente não conseguia fechar os olhos.
Não enquanto você me olhasse.
Eu precisava ser forte, dizer com os olhos que ficaria tudo bem.

Mesmo sabendo que não ficaria.
Nunca mais as coisas ficariam bem.
Era o fim para nós.
E eu preferia que realmente tivesse sido.

Que tivesse partido.
De dedos entrelaçados aos seus.
Ao menos assim estaríamos juntos.
E a dor terminaria.

Por foi você que não me permitiu enlouquecer.
Fitando-me nos olhos com coragem.
Mesmo enquanto era retalhado;
Pedaço por pedaço mutilado.

E quando você partiu.
Senti que estava ao meu lado.
Dando-me força.
Trazendo-me a lembrança do que fomos.

Como naquela tarde de domingo.
Sob a figueira.
O mundo era nosso e nos éramos tudo o que importava.
Naquele mundo caótico e violento.

Foi tão doce o modo como seus lábios tocaram os meus.
Os mesmo lábios que agora alimentam os vermes.
Eu queria poder apagar o sangue que vi verter de ti.
Esquece de tudo e perder-me em seus olhos...

E quando ele saiu com seu terno negro manchado de sangue.
Eu não pensara em fugir.
Não queria abandona-lo.
Nunca.

Mesmo que seu coração já não batesse.
E seus olhos já não brilhassem.
Eu não podia deixa-lo só.
Você ficaria triste, imaginei.

Tudo o que eu sentia era o vazio deixado pela fome.
E um grande buraco negro que era a sua ausência.
A certeza de que eu o havia perdido.
Para sempre.

Sinto que me salvou de tudo aquilo.
E principalmente de mim mesma.
Quando veio a mim;
E me libertou ordenando-me que corresse.

E eu corri, como nunca antes havia feito.
Sob desejos do esgoto e carne podre.
Sangue e mijo.
Para viver.

Hoje me pergunto se foi o certo.
Pois aquele dia permanece entranhado em mim.
Como que gravado a ferro em meu inconsciente.
Pois nas noites, acordo gritando por você e choro.

Choro porque perdi você.
No mesmo dia em que me perdi.
E hoje sei que viver não é o bastante.
Quando tudo de bom que havia em você se foi.


segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Há um “q” de maldade na noite


Há um “q” de maldade na noite.
Uma brisa soturna e sedutora.
Que inclina à luxuria;
com suas quentes e insinuantes lufadas.

E o calor que sobe do calçamento.
Acende o fogo e o desejo que brotam da pele.
Como agua fresca da nascente pura;
esperando para ser provada.

A lua cheia transborda pela rua.
Assim como pela pele.
Criando formas e sonhos;
que se derramam pela noite num simples suspiro.

Pois há um “q” de maldade na noite.
Esperado para libertar-se sob a pele.
Aquecendo o corpo;
enquanto o sangue borbulha.

E o calor que brota da noite.
Como espinhos na rosa.
É como um grande e belo garanhão;
que traz na garupa um grande e suculento pote de imaginação.

E a lua cheia que ilumina as calçadas.
Também ilumina os corpos.
Que na doce e sedutora brisa noturna;
resolvem do mel dos amantes provar.

Porque há um “q” de maldade na noite.
Uma melodia insinuante que vem despertar.
Um desejo quente e soturno;
de sua sede amainar.



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